Salve Misiones!

Chopim-do-brejo
(Pseudoleistes guirahuro).
Foto: D. Meller.

Fim de semana passado visitei uma região no sul da província de Misiones (Argentina) a convite do amigo Ernesto Krauczuk. Ficamos três dias acampados próximo ao Parque Provincial de las Sierras Ing Raúl Martínez Crovetto. 

O sul da província de Misiones é composto por áreas de ecótono, com transição entre florestas e campos, algo parecido com o que temos em setores da região noroeste do RS, como Garruchos.

Fiquei impressionado com a quantidade de ambientes nativos que ainda existem nessa região da Argentina, nada menos esperado para sustentar tão grande diversidade de aves, uma das significativas daquele país. 

Transição entre campos e matas no sul da província de Misiones, Argentina. Foto: D. Meller.

       

Ernesto é um reconhecido biólogo argentino e missioneiro, e eu pude aprender muito sobre fauna e aspectos ecológicos desta região. Dentre as muitas coisas interessantes que descobri, um dos pontos marcantes foi a busca por bacurais (caprimulgídeos). Pena que o coludo (bacurau-tesoura-gigante) me escapou por poquito... fica pra próxima!

Bacurau-tesoura (Hydropsalis torquata). Foto: D. Meller. 

Bacurau (Hydropsalis albicollis). Foto: D. Meller.

Como pode-se notar, além de observar aves no período do dia, acompanhei algumas saídas à noite. E não foram somente aves o que encontramos, pra desespero de um amigo herpetólogo que de última hora não pode ir.

Tropidurus torquatus. Foto: D. Meller.

Hypsiboas pulchellus. Foto: D. Meller.

Itapotihyla langsdorffii. Foto: D. Meller.

Hypsiboas faber. Foto: D. Meller.

Meu particular interesse eram as aves mesmo, e tive a oportunidade de fotografar espécies pouco comuns, como o pica-pau-rei e o guaracavuçu, o que me deixou muito contente. Além do mais, aprendi a reconhecer melhor alguns cantos, o que talvez seja bastante útil nas andanças pelas florestas remanescentes do noroeste gaúcho.

Fêmea do pica-pau-rei (Campephilus robustos). Foto: D. Meller.

Guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus). Foto: D. Meller.

Espécies pouco vistas nesta região também foram encontradas. Fiquei surpreso ao saber que o jacuaçu não é muito comum nas florestas de Misiones, sendo o jacupemba mais frequente. A grande alegria, porém, foi registrar o mocho-diabo, pela primeira vez neste local. Ao cruzar em frente a um luminoso luar, foi notado pelo olhar preciso do Ernesto, resultando em uma belíssima observação.

Mocho-diabo (Asio stygius). Foto: D. Meller.

Jacuaçu (Penelope obscura). Foto: D. Meller.

Não sei bem quem disse, mas certamente é verdade que precisamos construir mais pontes do que muros. Felizmente nossas amigas aves desconhecem fronteiras políticas, o que para nós, missioneiros, é uma grande alegria. Assim, muito do que há no lado argentino possivelmente também possa ser encontrado no lado brasileiro do rio. 

Bacurau-norte-americano (Chordeiles minor). Foto: D. Meller.

Ainda não entendo como ambientalistas gaúchos não reconhecem (com exceção ao Parque Estadual do Turvo) a região noroeste do RS como área de relevância ecológica. Por outro lado, é muito gratificante saber que ainda existem vastos ambientes preservados no nordeste argentino e que lá lutam pela sua preservação.

Biólogo Ernesto, guarda-parque Felix e Dante.

Tomara os povos missioneiros possam continuamente guardar que mais vale a selva de pé do que deitada!

Muito obrigado aos hermanos pela oportunidade de conhecer melhor Misiones!!!

Um forte abraço, alegria e paz!

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Veja também:

Conexão Turvo-Misiones
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