Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 25 de março de 2013

Inambuxororó - Crypturellus parvirostris

Das três espécies de nambus que ocorrem na região noroeste do RS, o inambuxororó (C. parvirostris) é a menor delas, as outras duas são o inambuxintã (C. tataupa) e o inambuguaçu (C. obsoletus) [1].



O inambuxororó é extremamente parecido com o inambuxintã, tendo porém o bico menor (menos de 2 cm); e o tarso mais curto (menos de 3 cm); ambos são de um colorido vermelho pálido [2].

Diferentemente dos outros, que são florestais, o inambuxororó é uma espécie campestre, que habita os campos sujos primários e secundários, os cerrados e até os campos de cultivo, como milho e soja [2]. 

Inambuxororó (Crypturellus parvirostris) em plantação de soja em Palmitinho, RS. Foto: D. Meller.

Segundo Belton (1984), a espécie é relativamente comum na região noroeste do Rio Grande do Sul, ocorrendo em beiras de florestas, capoeiras e áreas de cultivo. No entanto, é uma ave pouco avistada, apesar de ser até bastante conhecida popularmente.

No site do wikiaves, por exemplo, havia somente um registro da espécie no estado gaúcho, e justamente em Santa Maria [3], área fora da distribuição dada por Belton (1984).


A maneira mais fácil de detectar essa espécie, assim como a maioria dos tinamídeos, é pela voz. Esta é uma seqüência prolongada de notas agudas e ásperas, as primeiras retardadas, depois acelerando, e ascendentes e em seguida decrescentes, terminando em dois ou três trinados baixos [2].

Canto gravado em Palmitinho por D. Meller


Possui também um chamado apagado dissilábico "prrr prrr" (fêmea), sendo que pia mais nas horas quentes [2].

Chamado gravado em Palmitinho por D. Meller.


Pelo que tem-se observado, parece ser mesmo uma ave relativamente comum na região, podendo ser ouvida frequentemente em plantações de soja, inclusive próximo a áreas bem florestadas, como o Parque Estadual do Turvo e a Terra Indígena do Guarita.



O inambuxororó faz parte de um grupo de espécies que provavelmente colonizaram a região do Alto Uruguai somente após o desmatamento em grande escala no extremo norte e noroeste do Estado [4].

REFERÊNCIAS

[1] Belton, W. 1984. Birds of Rio Grande do Sul, Brazil, Part 1: Rheidae through Furnariidae. Bulletin of American Museum of Natural History, 178: 369-636.

[2] Sick, H. (1997) Ornitologia brasileira. 2 ed. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira. 912 p.

[3] Santos, P. R. (2012). [WA647218, Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827)]. Wiki Aves - A Enciclopédia das Aves do Brasil. Disponível em: Acesso em: 25 de Março de 2013.

[4] Silva, C.P.; J.K.F. Mähler Jr.; S.B. Marcuzzo e S. Ferreira. (2005) Plano de manejo do Parque Estadual do Turvo. Porto Alegre: Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.sema.rs.gov.br/upload/Plano_manejo_PETurvo.pdf> Acesso em: [21 de agosto de 2011].

Veja também:

Falcão-caburé - muito ouvido, pouco visto!

6 comentários:

  1. Mais um belo trabalho, Dante ! E excelente regitro, parabéns !!

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  2. Poxa,realmente é legal a gente ver que não esta sozinho tanto na educação ambiental como no registro de aves, eu comecei um blog em minha cidade ,Canguçu rs ,não faz um ano,no intuito de mostrar um pouco,as espécies que nos temos aqui,e eu fiquei impressionado com a riqueza de espécies que tinha e não eram percebidas,agora estou disponibilizando pra todos que tem interesse,as espécies que habitam nosso enorme Canguçu.
    Como não tenho estudo em aves, e moro na zona rural do município, gravo sempre as vocalizações pra não errar,e assim vou indo..
    A proposito,muito bom teu blog!
    Como o senhor é uma pessoa com mais conhecimento convido-o para visitar o meu blog pra dar uma olhada!
    PÁSSAROS DE NOSSA TERRA CANGUÇU AVES http://fotografandopassarinhos.blogspot

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    1. Obrigado pelo comentário, Jederson! No estudo das aves somos sempre aprendizes... Vou visitar o blog e conferir seu trabalho aí em Canguçu! Um grande abraço e boas passarinhas por aí!

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