Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A redescoberta da harpia no RS

Harpia no PE do Turvo, março de 2015.
Foto: DAM.
* por Dante Andres Meller
Vários são os aspectos que fazem da harpia uma das águias mais emblemáticas para os amantes da ornitologia.

Além do enorme tamanho e da incomparável imponência, sua raridade é um dos atributos de destaque.

Atualmente, a espécie já desapareceu de grande parte das florestas tropicais onde antes reinava absoluta no dossel florestal.

No Rio Grande do Sul, apesar de ter sido considerada extinta por longo período, a harpia recentemente decidiu se revelar...

A verdade é que hoje em dia para se ver uma harpia o melhor é ir para a Amazônia mesmo. Na Mata Atlântica, infelizmente, sobraram pouquíssimas, com a maior parte dos registros provenientes do Espírito Santo e Bahia. Ao sul, ela tem sido encontrada mais frequentemente em Misiones (Argentina). No Rio Grande do Sul chegou a ser considerada extinta por muito tempo, já que não haviam mais registros após a década de 40. Apesar disso, suspeitas e registros não confirmados para o Parque Estadual do Turvo traziam esperanças de que ainda estivesse presente.

Harpia abatida na localidade de Desimigrados, em Derrubadas, no entorno do PE do Turvo, nos anos 70. Foto generosamente cedida por Aldori Biguelini. Fonte: Meller e Guadagnin 2016.

Além de um registro antigo (foto acima), existem três observações atuais, sendo duas delas documentadas. Uma delas foi feita pelo guarda-parque argentino V. Matuchaka, que visualizou uma harpia pousada à beira do Salto do Yucumã, no lado brasileiro do rio, em 2011. Mais recentemente, dois registros documentados definitivamente comprovaram a presença da águia no território gaúcho, ambos feitos ao longo da estrada que leva ao Salto do Yucumã, um em 2015 e outro em 2016.

Registro de harpia no PE do Turvo, em junho de 2016, na companhia de Ataiz C. de Siqueira. Foto: DAM.

Apesar da continuidade de matas entre o PE do Turvo e as florestas de Misiones, que é o que provavelmente assegura a ocorrência da águia no lado gaúcho, o Turvo oferece boas condições para a harpia, com árvores emergentes em bons números e presas em quantia. As maiores ameaças certamente provêm do isolamento em relação às florestas de Misiones, em vista do alagamento projetado pela construção da UHE Panambi, em Alecrim. Também a caça e a perseguição a predadores oferecem riscos à harpia, o que pode ser prevenido através de programas de educação no entorno do parque.

Quer saber mais sobre a redescoberta da harpia no Rio Grande do Sul? Acesse a publicação científica:
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Veja também:

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7 comentários:

  1. Grande postagem , parabéns !!! É sempre bom saber que espécies como essa ainda habitam nosso estado...

    Ass.:Lucas N de Porto Alegre - RS

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  2. Parabéns Dante, por mais este registro da Harpia no RS!

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  3. Turvo não é SC???? Ao lado de Jacinto Machado???

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    1. Existe tanto em SC como no PR municípios com o nome de Turvo, mas no caso aqui relatado refere-se ao Parque Estadual do Turvo, município de Derrubadas, RS. Abraço

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  4. Harpia, ou gavião-real, gavião-de-penacho, uiruuetê, uiraçu, uiracuir, uiraquer, cutucurim e uiraçu-verdadeiro.
    O nome "Harpia" é uma referência a um ser da mitologia grega, dada pelos primeiros exploradores europeus assim que os avistaram, assim como os nomes "Gavião-de-penacho" e "gavião-real" que neste caso são referências ao penacho na cabeça característico da espécie, com um formato semelhante ao de uma coroa.
    Já os nomes "Uiruuetê" que contém o termo “e'tê”, (significa verdadeiro), o nome "Uiraçu" (significa ave grande), o nome "Uiracuir" ou "Uiraquer", veio da junção dos termos "gwirá, uirá" (pássaro) e "kuir" (cortante/afiado); todos esses nomes são denominações do do tupi-guarani .
    Esta águia é uma das maiores aves de rapina do mundo, há indivíduos desta espécie que impressionantemente chegam a uma envergadura de 2,5 metros nas asas, 1,05 metro de altura, garras com unhas (halux) de 9 cm e peso de até 12 quilos, é a ave de rapina com maior força física no mundo, consegue carregar uma presa com seu próprio peso em pleno voo, suas garras são maiores que as garras de um Urso-pardo, é intimidadora, e imponente. Essa ave é referida ERRADAMENTE como gavião; quando se trata absolutamente de uma grande ÁGUIA; simplesmente a mais forte águia do mundo.
    José Machado

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