Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

São Paulo da chuva boa

Urutau. Foto: Adaltro C. Zorzan.
*por Dante Andres Meller
Um lugar para voltar a ser criança, procurar passarinhos e confraternizar com amigos.

Um lugar para tomar banho de chuva, sentir o vento nos morros e adormecer no silêncio das noites estreladas.

Uma vez por ano parece pouco, mas é o suficiente para reservar a São Paulo das Missões um lugar seguro em nossos corações.
Matas na Vila Pinheiro Machado. Foto: DAM.

Foi a sexta vez que o grupo visitou a aconchegante São Paulo das Missões, e sempre é um prazer participar desta saída. Uns dos pontos altos são os momentos de lazer que temos na casa dos pais do Carlos, nosso anfitrião, onde entre uma cuia e outra de chimarrão, umas chipas e uns waffles, ouvimos a passarada cantarolando e, com uma boa dose de sorte, algum beija-flor raro aparece no jardim.

Este ano a saída teve, porém, uma novidade: o primeiro banho de chuva do grupo, ao menos proposital, porque já tivemos outros dos quais não pudemos escapar. É como estava dizendo, voltamos a ser criança, pelo menos por um momento. E digo mais, criança raiz, com direito a banho de chuva tapado de relâmpagos e trovoadas, e ainda entramos no açude. A chuva era torrencial, e ninguém teve a coragem de fotografar o momento, ficando registrado apenas na memória de alguns ousados participantes.

Propriedade do Carlos na Vila Pinheiro Machado. Foto: DAM.

Mas não quero fugir muito do assunto, já que fomos para observar aves. Eis então um pouco do que vimos ao longo da manhã e da tarde de sábado na Vila Pinheiro Machado.

Fêmea do tiê-preto (Tachyphonus rufus). Foto: Adaltro C. Zorzan.
Jovem trinca-ferro (Saltator similis). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Miudinho (Myiornis auricularis). Foto: Cláudio Furini.

Jovem tiê-de-bando (Habia rubica). Foto: Cláudio Furini.

Picapauzinho-de-coleira (Picumnus temminckii). Foto: Carlos Neimar Kuhn.

Saci (Tapera naevia). Foto: Cláudio Furini.

Maria-faceira (Syrigma sibilatrix). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Guaracavuçu (Cnemotriccus fuscatus). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Fêmea do saí-azul (Dacnis cayana) Foto: Adaltro C. Zorzan.

À noite fomos participar do café colonial da Kerbfest, a festa tradicional alemã que ocorre anualmente no município. Ali mesmo, conversando com a prefeita do município, descobrimos que três araçaris-castanhos visitaram a janela de sua casa naquele dia pela manhã. Ficamos bastante impressionados com as belas fotos (tiradas de celular!), já que era uma das espécies alvos do grupo.

No caminho tivemos a grata surpresa de encontrar o enigmático urutau, uma ave que faz passarinheiros e até não passarinheiros pararem tudo e tirarem um tempo para simplesmente apreciar sua simpática estranheza.

Urutau ou mãe-da-lua (Nyctibius griseus). Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Grupo jantando na Kerbfest. Foto: Carlos Neimar Kuhn.

No clarear do dia seguinte, despertávamos para mais uma investida em busca de nossos admirados seres alados. Fomos recompensados com belos registros, como o do falcão-relógio, muito embora sem conseguir uma foto sequer. O momento foi eternizado pela visão que tivemos dele, no céu azul, cruzando um pequeno vale a uma altura considerável para essa espécie de interior de mata.

Momentos depois ouvimos o que poderia ser um limpa-folha-de-testa-baia, mas não pudemos confirmar. Cantava também, ao fundo, um arapaçu-de-bico-torto, quando um gavião-bombachinha cruzou voando e pousou num galho frondoso de uma longínqua árvore altaneira. Mesmo com a distância, conseguimos confirmar a espécie.

Gavião-bombachinha (Harpagus diodon). Foto: Cláudio Furini.

Gavião-bombachinha (Harpagus diodon). Foto: Cláudio Furini.

Quase no término da passarinhada, uma nova espécie para o município no WikiAves, a de número 199: o chupim-azeviche, também conhecido por vira-bosta-picumã. Repare que o jovem é muito semelhante a outra espécie, o asa-de-telha. Só foi percebido porque acompanhava algumas graúnas, o que despertou para a possibilidade de ser um filhote criado por elas, comportamento que comentávamos ainda nesta saída.

Chupim-azeviche (Molothrus rufoaxillaris). Foto: Cláudio Furini.

Encerrávamos mais uma saída superando a barreira das 100 espécies observadas (veja lista), o que já é um baita resultado. Aos amigos vindos de Tenente Portela nosso muito obrigado pela participação, e aos anfitriões nossa verdadeira gratidão pela acolhida mais uma vez!

Um grande abraço amigos avemissioneiros, se Deus quiser em 2020 nos veremos novamente!

Grupo com pais do Carlos em sua propriedade em São Paulo das Missões. Foto: Adaltro C. Zorzan.
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Veja também:

Já virou tradição... 25ª Kerbfest e 5ª Passarinhada Ave Missões

Passarinhando no Cantão Suíço das Missões e arredores - 2017
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6 comentários:

  1. Foi muito bom participar dessa saída, até pra matar a saudade do local e das pessoas, já que ano passado eu não participei!! Parabéns pelo relato, que captou fielmente o clima da saída!!

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    1. Obrigado Adaltro! Foi uma saída realmente muito boa, só tende a melhorar com as promessas do Carlos! Hehehe. Abraço

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  2. Belo post, parabéns! Interessantes registros e lindas fotografias!

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  3. O Dante tem o dom de captar a real atmosfera que foi a saída... Parabéns!!!
    Grato aos amigos pela convivência, ao Carlos Neimar e família pela recepção...

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    1. Obrigado Furini, estava boa demais mesmo a saída! Um grande abraço

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