Coruja-do-campo. Foto: D. Meller. |
Dentre todas as aves, as corujas estão entre aquelas que mais instigam as crendices populares e, ao mesmo tempo, as que menos são conhecidas pela ciência. Muitos têm antipatia por estas aves e, supersticiosamente, interpretam a aparição de uma coruja como um sinal de mau agouro (fato lamentável...). Por outro lado, alguns atribuem às corujas o dom de sabedoria e vigilância, observação um tanto mais inteligente...
Interpretações à parte, o que se sabe é que as corujas, como os gaviões, desempenham importante papel no controle de populações de roedores e insetos. A suindara ou coruja-de-igreja (Tyto alba), por exemplo, é uma das aves que mais favorecem o ser humano, pois alimenta-se, quase que exclusivamente, de roedores e muitas habitam cidades. Comum é ouvir seu alto e áspero grito em silenciosas noites urbanas.
Como se sabe, as corujas possuem hábitos noturnos, o que dificulta seu conhecimento, mas as preenchem de peculiaridades, tais como: adaptação da plumagem a poleiros diurnos, audição aguda e vocalização proeminente. Mas nem todas as corujas são exclusivamente noturnas. A buraqueira ou coruja-do-campo (Athene cunicularia) é uma das poucas espécies que são ativas durante o dia. Seu hábitat preferencial é o campo, onde nidificam em tocas e por vezes adquirem a cor do solo predominante no local (veja na foto acima: A coruja possui uma plumagem de tom ferrugíneo devido à terra vermelha do local).
Pelo importante papel que as corujas desempenham no meio ambiente e pela importância cultural em nossas vidas, elas merecem especial atenção quanto à sua preservação. Sabe-se que muitas espécies precisam de ocos de árvores para reprodução, ou seja, o desmatamento implica sérias consequências a estas aves. Outro risco que ameaça as corujas é o uso de pesticidas em lavouras, já que muitas se alimentam de insetos. E, além disso, muitas encontram sua morte em atropelamentos causados em rodovias, provavelmente, devido ao excesso de velocidade dos condutores.
Por fim, deixemos a superstição, a preservação e a ciência um pouco de lado e fiquemos com o encanto da poesia de J. Guimarães de Rosa: "A coruja não agoura: o que ela faz é saber os segredos da noite".
Bibliografia consultada: Ornitologia Brasileira (1997) de Helmut Sick.
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