Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Jacutingas ainda por aqui...

É engraçado como alguns animais raros nos causam sensações surreais. Primeiro os conhecemos muito bem – a partir de relatos, desenhos, fotos, etc. – depois almejamos um encontro com a(s) espécie(s) de preferência. Às vezes, o desejo é tanto que muitos observadores criam expectativas enormes em relação a alguma ave elusiva, gastando bastante tempo e dinheiro para a realização do sonho. O mesmo certamente acontece com os que buscam felinos e outros animais escassos ou de comportamento críptico.

          Em recente visita ao Parque Estadual do Turvo – diga-se de passagem, um lugar onde muitos daqueles encontros almejados tornam-se realidade – repentinamente, em minha espera, uma  daquelas aves que quase não se vêem mais: a jacutinga!!!

Jacutinga (Aburria jacutinga) no Parque Estadual do Turvo. Foto: Dante Meller.

          Totalmente surreal..! Esse é daqueles animais que agente quase desconfia que existam mesmo... só vemos em livros! kkkk...

          Endêmica da Mata Atlântica, outrora comum e de distribuição mais ampla, hoje é uma ave rara e bastante ameaçada de extinção. Além da perda das florestas, seu principal habitat, a espécie foi muito caçada. No Rio Grande do Sul nos últimos anos a espécie possui registros confirmados apenas no Parque Estadual do Turvo (Bencke et al. 2003).

          É interessante mencionar que os autores do livro vermelho (Bencke et al. 2003) consideraram a espécie ter ocorrido mais amplamente na região noroeste do estado, apesar da falta de informações. Há pouco tempo atrás, foi publicado em um jornal de Santo Ângelo informação proveniente de um documento histórico onde uma pessoa relatou a presença da anta, onça-pintada e jacutinga neste município, há cerca de 100 anos atrás. Eu ainda não li o documento original, mas espero em breve localizá-lo. Hoje certa e lamentavelmente não existem mais!

          Depois do encontro com a jacutinga e o sorriso na cara, enquanto tomava um bom chimarrão com o Sr. Getúlio – guarda-parque muito respeitado pelos biólogos – em meio a um mate e outro, olho pra cima e vejo um imponente gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) entrando numa terma junto de alguns urubus (Coragyps). Êta maravilha! É o Parque Estadual do Turvo!  Pra quem ainda não conhece, vale a pena...

Gavião-pato. Foto: Dante Meller.

            O que mais foi clicado nesse fim de semana:

Coatis comendo fruta de tajuba. Foto: Dante Meller.

Pavó (Pyroderus scutatus). Foto: Dante Meller.

Salto do Yucumã com nível de água baixo. Foto: Dante Meller.

Coruja-de-igreja (Tyto alba) em milharal na borda do parque. Foto: Dante Meller.

Urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Foto: Dante Meller.

Flor de cactus em clareira campestre no interior da unidade. Foto: Dante Meller.

Registro da Jacutinga dedicado em memória do amigo Jeferson Spohr Haas.

3 comentários:

  1. Belos registros! O Turvo sempre nos surpreende positivamente! Feliz por você!

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  2. Maravilha, mais um motivo para voltarmos ao parque.

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  3. Deve ser emocionante encontrar uma ave que consta na Lista Vermelha e pensar na possibilidade de contribuir para a sua preservação. O Turvo é uma Reserva muito especial e vai revelar muito aos que o lutam para sua preservação e tem como local de pesquisas.
    Saudades desse Parque.

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