Encontrando Rapinantes Diurnos

Rapinantes costumam alegrar as saídas para observação de aves, em muitos casos, tornando-se o ponto alto dos passeios. Quando conseguimos fotos, então, é alegria geral! Mas essas aves, como predadores, são também importantes para pesquisa, pois dependendo de quantas e quais espécies encontramos, podemos ter uma noção do quão preservada uma determinada área está.

Gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), espécie típica de áreas preservadas. Foto: D.Meller.

Em outra ocasião já comentei um pouco sobre o grupo, o qual possui representantes naturalmente escassos, em alguns casos raríssimos. Entre as características que mais se destacam estão a beleza, imponência e acuidade visual que águias, falcões, gaviões e mesmo urubus possuem. Sua capacidade de voo também desperta sentimentos únicos de liberdade às pessoas.

Carcará (Caracara plancus). Foto: D.Meller.

E qual a melhor maneira de encontrar essas aves?

Sem dúvida, a melhor forma de topar com rapinantes diurnos é observá-los a partir de um Ponto Fixo, focando a atenção no espaço aéreo. Preferencialmente um local que contemple uma visão ampla sobre algum habitat o mais preservado possível. Tipo uma reserva florestal, extensos banhados, campos nativos, etc.

Vista sobre Reserva Indígena do Guarita, Tenente Portela, RS. Foto: Andrei Saviczki.

E quando encontrá-las?

O melhor horário, em dia de sol, é a partir de mais ou menos 9:00 da manhã, quando começam a formar as correntes de ar quente, estendendo-se até o começo da tarde, ou mesmo mais. Nessas correntes elevam-se muitos urubus e também gaviões.

Urubu-rei (Sarcoramphus papa) na Reserva Indígena do Guarita. Foto: D.Meller.

E como observá-las?

A técnica consiste em ficar parado, observando através de binóculos as aves que circulam sobre a área delimitada de observação. É infalível! De preferência fique a favor do sol, vai ajudá-lo bastante na hora de identificar as espécies em voo. Pode-se levar um tempo até aparecerem espécies raras e isso depende também da área suportar ou não rapinantes com requerimentos ecológicos mais específicos. Mas observar rapinantes dessa forma costuma trazer boas surpresas...

Ponto Fixo de observação de rapinantes em fragmento florestal em Derrubadas. Foto: Andrei Saviczki.

Minha experiência no Parque Estadual do Turvo trouxe-me grande apreço por esta técnica, pois muitas espécies puderam ser encontradas por esse meio. Apesar de parecer difícil identificar as espécies em voo, com a prática nota-se que assim é mais fácil do que quando pousadas e, com um bom guia de campo, logo pega-se o jeito. Claro que nem todas aves de rapina planam por longas horas a fio, permitindo serem assim detectadas. Como exceção bem distinta temos os Micrastur spp., por exemplo.

Falcão-caburé (Micrastur ruficollis), espécie críptica que habita o interior das matas. Foto: D.Meller.

          

Para esses a melhor técnica consiste em caminhadas de Busca Ativa em trilhas na mata em horários de aurora ou crepúsculo, quando podem ser detectados através de suas vocalizações bastante peculiares.

Som falcão-relógio (Micrastur semitorquatus).                     Som falcão-caburé (Micrastur ruficollis). 

                                      

               Gravados por D. Meller no P.E. do Turvo.                                  

Para algumas espécies o melhor método é contar com a sorte mesmo, pois sendo poucos exemplares habitando extensas áreas, temos que estar no lugar certo, na hora certa! Tentar uma foto, e buscar identificá-los corretamente. Haja sorte!

Gavião-miudinho (Accipiter superciliosus) no Parque Estadual do Turvo. Foto: Andrei Saviczki.