O fotógrafo indiano Prathap, autor do blog Nature Photography
Simplified, preparou um guia prático e eficiente para o pós-processamento
de fotos de aves usando o Lightroom.
Ele usa a versão 04 do programa, que aqui
será chamado, simplesmente, de LR.
Abaixo segue uma adaptação/tradução
do post do Prathap, esperamos que seja útil!
Como você irá notar, o processamento de fotografia de aves
(e outros tipos de animais, acredito) deve ser simples, pois exageros deixam a
imagem muito artificial. Por experiência própria, sei que em
muitos casos a ave só “permite” que se faça uma única foto dela, e essa foto
nem sempre sai como gostaríamos. Em casos assim, o pós-processamento pode ser
de grande utilidade para o observador/fotógrafo de aves. Contudo, nunca é
demais lembrar que o objetivo do pós-processamento não é “salvar” uma foto que
não ficou boa, mas deixá-la mais impactante, chamando a atenção para aquilo que
o fotógrafo considera mais importante, ou seja, para a mensagem que o fotógrafo
quer transmitir. Afinal, nada substitui uma foto bem composta e,
principalmente, bem exposta (nem muito clara, nem muito escura), questão que poderá
ser abordada em outra oportunidade.
Adquirindo
o Adobe Lightroom e a importância de fotografar em RAW
Antes de
tratar do pós-processamento é importante saber como adquirir o programa de
processamento de imagens Adobe Lightroom. A maneira mais simples é acessar o site www.adobe.com.br e depois acessar o link “Creative
Cloud”. O Adobe Creative Cloud é um programa de assinatura de alguns dos
softwares da Adobe. O mais simples deles (Fotografia) custa R$ 42,00 por mês e
disponibiliza, entre outros, o Adobe Lightroom e o Adobe Photoshop. Vale a pena
conferir.
Agora que
você já sabe como adquirir o programa de que vamos tratar no post, é hora de
pensar seriamente em fotografar em RAW, em vez de JPEG. As câmeras DLSR
permitem que o fotógrafo escolha o formato de imagem a ser gerado, cabendo o
fotógrafo optar por JPEG, RAW, ou ambos. Ao fotografar em RAW, a câmera captura tudo, todos os tons
claros, escuros e o que estiver pelo meio, deixando que você lide com isso no
momento da edição da imagem. Isso
vale para qualquer fotografia que você queira tirar, e com relação à qual você
deseje ter controle total sobre cor,
contraste, brilho e outros aspectos, já que o arquivo não perde qualidade
com esses ajustes. No caso da fotografia de aves, fotografar em RAW pode ser
útil quando se fotografa em condições de contraluz ou baixa luminosidade, ou
mesmo quando algumas características da ave acabam “escurecidas” devido às
condições do ambiente (aves do interior da mata, por exemplo).
Como esse não
é o tema principal do presente post, não vamos nos aprofundar, por hora, no
assunto dos arquivos RAW. Pesquise sobre o tema e encontrará muito material
interessante. Além disso, faça o teste: vá a campo e faça algumas fotos em RAW
e outras em JPEG e compare o resultado no momento de fazer aquelas correções
nas imagens antes da publicação. Você vai se surpreender.
Passo
1: importação do arquivo RAW
Prathap trata de importação em um
post exclusivo, mas entendo que a questão pode ser abordada nesse momento sem
maiores problemas.
Abra o LR no modo
“Biblioteca”, clique em “Criar nova pasta”, depois em “Adicionar pasta” e
escolha o local onde está o arquivo a ser importado, que pode, inclusive, ser o
próprio cartão de memória.
Passo 2: selecionando imagens
Na tela que aparece a seguir, selecione as fotos que
deseja importar (como padrão, o LR seleciona todas as fotos da pasta) e clique
em importar. Nesse momento, você pode aproveitar para inserir “palavras-chave”
que o ajudarão a localizar suas fotos no futuro.
Passo
3: trabalhando no módulo REVELAÇÃO
Após importar as imagens que você
deseja processar, você está pronto para começar. Para isso, clique em
“Revelação”.
Passo
4: cortar e endireitar
Use a ferramenta “sobreposição de
corte” para cortar e endireitar a imagem, se necessário. Na foto abaixo,
pode-se cortar um pouco a imagem para aproximar o sujeito e usar a ferramenta
“ângulo” para alinhar a foto horizontalmente conforme a cerca em que a
ave está pousada. Para usar essa ferramenta, você desenha uma linha no
horizonte ou sobre um objeto ou referência que deveria estar na posição
horizontal. Esta ação irá “endireitar” a imagem.
Nesse passo, você pode aproveitar
para compor ou recompor a imagem, ou seja, ajustar os elementos que formam a
cena fotografada. A “regra” de composição mais difundida é a Regra dos Terços, que é uma maneira de
tornar a imagem visualmente harmoniosa e interessante para quem a vê. A Regra
dos Terços é a mais conhecida, mas não é a única, sendo a Proporção Áurea (Golden Rule) também muito popular. Para saber um
pouco mais sobre o assunto, você acessar esse link: http://nadaperfeita.com.br/dicas-de-fotografia-regra-dos-tercos-e-proporcao-aurea/.
Passo
5: configure o balanço de brancos
Ao fotografar, o modo automático de
balanço/equilíbrio de brancos (chamado de “EB” no LR) é o mais adequado para a
maioria das situações. A fotografia usada como exemplo não precisa de ajuste de
balanço de brancos, então se pode deixar o ajuste em “como fotografado”. Nessa
etapa, você também pode fazer algum ajuste de temperatura e cor, se julgar
necessário, buscando resgatar aquele tom de cor que você estava realmente enxergando no momento da foto.
Passo
6: configure a exposição e o contraste
Normalmente, um pequeno aumento de
exposição (geralmente + 0,3) ajuda a realçar os detalhes de tons médios da
imagem. Use a ferramenta exposição até que você consiga a aparência desejada.
Importante: se a imagem ficou
subexposta (muito escura), o aumento da exposição poderá causar ruídos
(“granulado”), o que reduz a qualidade da imagem. Com relação ao contraste, comece
aumentando um pouco o ajuste (entre + 25 e + 30). Tenha em mente que o aumento
exagerado de exposição e contraste pode deixar a imagem artificial!
Passo
7: configure os brancos e os pretos
Ajuste os pontos brancos e pretos se
você julgar necessário. Isso ajuda a aumentar a variação dinâmica da imagem.
Contudo, nem sempre é preciso fazer tais ajustes. Tudo depende da cena
fotografada e de como você quiser deixá-la. O aumento dos brancos combinado com
a redução dos pretos irá aumentar o contraste da imagem.
Passo
8: ajuste os realces e as sombras
Ao mover o ajuste de realce para a
esquerda, você pode recuperar algum ponto que ficou superexposto (muito claro)
em sua imagem, o que pode ser útil, por exemplo, quando o céu ou o fundo da
imagem (atrás da ave) fica “estourado” devido à contraluz. Movendo o ajuste
para a direita, você poderá aumentar o brilho nas áreas mais claras. O ajuste de sombras serve para
“abrir” (clarear) aquelas partes muito escuras da imagem, o que é feito ao
mover o ajuste para a direita.
Importante: Tenha em mente que se você “abrir”
demais as sombras, os ruídos (“granulados”) das áreas sombreadas poderão vir à
tona, o que não é desejável.
Passo
9: melhore a claridade e recupere as cores
Os arquivos RAW são opacos por
natureza. Você precisa recuperar o contraste e as cores presentes na cena
fotografada. O ajuste de contraste já foi abordado. O controle de claridade melhora o
contraste local na imagem, o que resulta no aumento da sua nitidez aparente.
Importante: o excesso de claridade pode
arruinar a imagem. Faça os testes e você irá achar o ponto ideal, tendo em
mente que a ideia do processamento é ressaltar a beleza natural da ave, sem,
contudo, alterar as suas características, ainda que ela possa ficar “mais
bonita ou colorida”.
As cores, por sua vez, podem ser
recuperadas de duas formas. Uma é usando o controle de vibração e a outra é por meio do controle de saturação. O primeiro afeta apenas as cores saturadas, enquanto o
segundo aumenta todas as cores. O ajuste de vibração, de acordo com Prathap,
parece funcionar melhor em fotografias de natureza. Aqui, mais uma vez,
sinta-se à vontade para fazer os seus testes.
Os
ajustes de claridade, vibração e saturação servem para recuperar a core deixar
a imagem mais vibrante ou impactante.
|
Passo
10: reduza o ruído
O processamento está quase completo.
Falta apenas (se for o caso) reduzir o ruído e recuperar a nitidez da imagem. A redução do ruído (“granulado”)
depende muito das configurações de ISO e de quanto ruído efetivamente aparece
na imagem. A correlação ISO x Ruído também depende da qualidade da câmera, mas,
via de regra, um ISO mais alto (necessário em situações de pouca luz), produz mais
ruídos. Assim, quanto maior for o ISO utilizado, mais você terá que trabalhar
na redução de ruídos da imagem.
Importante:
há um limite para a redução de ruído, pois a redução exagerada poderá
transformar a ave em um “boneco de cera”, devido à ausência de detalhes. No caso
da câmera Canon EOS Rebel T5, por exemplo, um ISO acima de 400
já começa a afetar a imagem com ruído, o que é sempre mais perceptível em um
cenário com pouca textura (céu azul, por exemplo) e menos visível em outras situações
(árvores, folhas etc.). Outras câmeras até suportam ISOs mais altos antes de revelarem ruídos indesejáveis. Faça o teste deslizando o controle até o máximo
e perceba a modificação da foto, que pode ficar irreconhecível.
Para mostrar o processo, na imagem
abaixo houve redução de ruído (controle de luminância) em 5 pontos.
Passo
11: nitidez
A imagem em formato RAW não possui
nitidez. Você precisa ajustá-la para recuperar a nitidez que estava presente na
cena fotografada, bem como para recuperar os detalhes na plumagem da ave.
Muitos fotógrafos tendem a exagerar na nitidez, o que pode fazer com que a
imagem pareça artificial, prejudicando a beleza natural da cena. Normalmente, a
quantidade de nitidez dependerá do equipamento que você usa, especialmente das
lentes. Portanto, tente diferentes ajustes de nitidez para descobrir a melhor
configuração em cada caso.
Prathap recomenda um ajuste de
nitidez entre 40 e 50 para manter a imagem bem balanceada. Você pode usar a
ferramenta “máscara” para deixar de aplicar a nitidez às áreas não desejadas ao
fundo. Mantenha a tecla “alt” pressionada enquanto você ajusta o controle de
máscara para ver como funciona (na imagem abaixo, a área escura não será afetada pelo controle de nitidez,
permitindo aplicá-lo somente à área desejada: a ave).
Use a ferramenta “máscara” para deixar de aplicar a nitidez às áreas não desejadas, evitando excessos. |
A diferença pode não ser tão perceptível quando a imagem original já apresentar boa qualidade, o que nem sempre acontece. |
Antes
e depois
Pressione a tecla “Y” para
visualizar a tela “antes e depois”. Você também pode clicar no botão “Y|Y” no
canto inferior esquerdo da sua tela. Pressione “Y” novamente para visualizar
apenas a imagem processada.
Passo
12: exportando a imagem processada
Após concluir o processamento, é
hora de exportar a imagem (arquivo JPEG) para a pasta desejada. Há diferentes
formas de realizar esse comando. O mais simples é clicando em “arquivo” e
depois em “exportar” (você também pode usar o
atalho CTRL + SHIFT + E). Depois, basta escolher a pasta de destino.
O momento da
exportação serve para configurar a resolução
de saída da imagem, o que depende da
mídia em que a foto será publicada. A publicação em redes sociais não demanda
alta qualidade, mas a impressão sim, principalmente em se tratando de fotografia/quadro
de grandes dimensões. Lembre-se: o
LR não altera o seu arquivo original, mas cria um novo arquivo a cada
exportação, portanto, não tenha receio de fazer várias exportações com
configurações distintas.
Imagens para impressão
Na sessão “Configurações
de arquivos”, um ajuste de qualidade máxima (100) é o ideal para impressão.
Quanto ao “Espaço de cor”,
aconselha-se o uso do padrão sRGB,
que é o mesmo usado pelos laboratórios
fotográficos. Na seção de “Dimensionamento
de imagem”, recomenda-se marcar a opção “Altura e largura”, utilizando a medida que for necessária para impressão. Digamos que seja 30 cm de altura por 20 cm de largura, lá você ajustará isso. A “Resolução” para impressão deve ser alta, ficando um bom ajuste em 300 ppi (pixels por
polegada). A “Nitidez de saída” pode ser papel fosco ou brilhante, a depender do
papel a ser utilizado na impressão, sendo a “Intensidade” alta a configuração mais apropriada.
Imagens para publicação na internet
Não são
necessárias alterações quanto à qualidade,
que pode continuar no máximo. Mas caso você queira uma imagem mais leve possível, a qualidade pode ser reduzida por exemplo a 80. Quanto ao dimensionamento, a opção “Altura e largura” novamente ficará a critério do tamanho da imagem que o usuário desejar, lembrando que para monitores a imagem não precisará ser muito grande (30 cm x 20 cm deve ser suficiente na maioria dos casos). A “Resolução” é certamente o ajuste que mais será alterado, ficando agora muito mais baixo do que para imagens impressas. Um ajuste em apenas 72 ppi é o suficiente para deixar a imagem com boa qualidade para publicação em meios digitais, incluindo sites e redes sociais. A “Intensidade”, por usa vez, pode ser deixada como alta, ou, se preferir uma imagem mais leve, deixar marcada como “padrão”.
Se for do
seu interesse, você poder ler mais sobre o tema no seguinte artigo: “Como exportar fotos corretamente no Lightroom”.
Conclusão
Tenha sempre em mente que os
exageros nos ajustes podem estragar a imagem. Em se tratando de fotografia de
natureza, e principalmente de aves, o pós-processamento deve ser utilizado
apenas para recuperar os detalhes, o
contraste, o brilho, as cores e a nitidez da cena captada pelo fotógrafo.
Por isso, é aconselhável manter a foto tão fiel à realidade quanto possível. As
técnicas de pós-processamento de fotografias de paisagem nem sempre se aplicam
ao pós-processamento de fotos de aves, que tem outro objetivo. Por isso,
mantenha a simplicidade.
Aqui, vale a pena lembrar uma dica
de Prathap: processe a sua imagem e deixe-a de lado (não a publique ainda).
Analise a imagem processada alguns dias depois (mesmo no caso de um lifer há muito desejado) e veja se você
ainda acha ela boa o bastante para ser publicada. Com a prática, você terá
resultados cada vez melhores. Para Prathap, menos
é mais.
Tenha em
mente, ainda, que não é necessário seguir a ordem dos passos da maneira como
foi proposta neste post, bem como que nem sempre todos os passos serão
necessários, pois muitas vezes a imagem original pode ter ficado boa o bastante
para ser publicada ou impressa.
Esperamos que você tenha gostado dessas
dicas. Elas são úteis e podem lhe ajudar a apreciar ainda mais o resultado de sua
atividade de observação e fotografia de aves.
Um abraço!
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Veja também
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Parabéns pelo post Adaltro e Dante! Explicações claras e objetivas!
ResponderExcluirObrigado, Ataiz!! Essa é a ideia!! Abraço!!
ExcluirObrigado Ata! Esperamos que seja útil!
ResponderExcluirÓtima postagem, muito informativa, parabéns!
ResponderExcluirAss.:Lucas N de Porto Alegre - RS
Muito obrigado Lucas!Espero que seja útil... grande abraço!
ExcluirEspetacular esse guia.
ResponderExcluirAcabei de fazer uma viagem de observação e certamente terei muitas fotos para testar.
Muitíssimo obrigado.