Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

terça-feira, 28 de março de 2017

De alma "lavada" voltamos pra casa!

Lavadeira-mascarada. Foto: DAM.
* por Dante Andres Meller
De certa forma, passarinhadas são sempre especiais, ainda mais quando feitas na companhia de bons amigos.

Claro que, em se tratando de observação de aves, existem dias e dias, uns são bons, outros ainda melhores!

Com 90 espécies observadas (veja lista), a saída para São Miguel das Missões deste ano poderia até ser considerada boa, mas um registro pra lá de inesperado tornou-a especial.

Sendo o quinto ano que o grupo visita São Miguel das Missões, podemos confirmar a relevância que o local tem em nossas passarinhadas. Desta vez a saída foi mais curta que no ano passado, ficando alguns locais de fora. A visita foi restrita à Fazenda Estância Velha e ao Mato do São Lourenço, com uma breve pausa para almoço no Hotel Tenondé.


Matas e Campos da Fazenda Estância Velha

Mal havíamos chegado na sede da fazenda e ouvíamos o que seria o primeiro registro notável do dia: um falcão-relógio cantava de um mato próximo. Algumas espécies movem a gente, e essa me fez tentar registrá-lo mais de perto, o que fez com que eu e o amigo Alfieri ficássemos longe do resto do pessoal. Também não conseguimos ver o falcão. Enquanto isso, o resto do pessoal seguia em frente, pra dentro da mata, orientados pelo Sr. Bruno, o anfitrião da Estância Velha.

Mata na Fazenda Estância Velha. Foto: Márcia Koch Rodrigues.

Dentro da mata o pessoal fazia registros interessantes, incluindo um bico-virado-carijó. Por outro lado, os dois perdidos (eu e Alfieri) não entraram na mata e foram pelo campo. Lá avistamos uma noivinha e novamente ouvimos o falcão-relógio, também ouvido pelo grupo dentro da mata.

Bico-virado-carijó (Xenops rutilans).

Orquídea florida em meio à mata da Fazenda Estância Velha. Foto: Márcia Koch Rodrigues.

Numa tentativa de reencontro com o grupo, adentramos a mata e logo registramos tovacas-campainhas e também o estalador, mas sem boas chances para foto. Quando saímos para o campo, enfim, reencontramos o pessoal perto de uma lagoa na baixada do campo, onde havia um pernilongo-de-costas-branca pousado e algumas outras peculiaridades pelo campo.

Lagoa em meio ao campo na Fazenda Estância Velha. Foto: Márcia Koch Rodrigues.

Pernilongo-de-costas-branca (Hymantopus melanurus).

Cupinzeiro no campo. Foto: Ingrid Sessegolo.

Na volta ainda encontramos uma seriema numa paisagem de campo com matas de galeria e também registramos tiribas, além de termos escutado um papa-lagarta e um irré quando cruzávamos uma mata aberta.

Seriema (Cariama cristata). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Tiriba (Pyrrhura frontalis).

Mata do São Lourenço

Depois do almoço fomos para este local, que já nos rendeu bons registros ao longo dos anos, incluindo balança-rabo-leitoso, piolhinho-verdoso, araçari-castanho e tucanuçu, nenhum deles, porém, encontrados desta vez. Há uma estrada que corta esse mato, o que facilita a observação. Desta vez, no entanto, entramos mato adentro com a autorização da proprietária do local e acompanhados pelo Sr. Bruno.

Mais uma vez acabei me dissipando do grupo, ficando o resto do pessoal sob a orientação do Sr. Bruno. Os caminhos percorridos foram diferentes, tendo o pessoal adentrado a mata e logo topado com aves típicas da mata mais fechada, como alguns pica-paus, incluindo o de banda-branca e o dourado. Também o surucuá-variado, símbolo do nosso grupo, marcou presença.

Pica-pau-dourado (Piculus aurulentus). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Surucuá-variado (Trogon surrucura) macho. Foto: Pedro Sessegolo.

Enquanto eu estava longe do pessoal, acabei registrando espécies interessantes, como gritador e tangará, e até um tranquilo alma-de-gato, mas a "cereja do bolo" tinha ficado pro final mesmo...

Alma-de-gato (Piaya cayana). Foto: DAM.

A façanha do dia

Dentro da Mata do São Lourenço há uma lagoa muito intrigante. Nesse local já foi avistado em outra ocasião um colhereiro. Como eu já conhecia a lagoa, acabei me encaminhando para lá, disperso do resto do pessoal. A avifauna do local é predominantemente aquática, com frangos-d´'água, jaçanãs, marrecas, entre outros, em um ambiente aberto em meio à mata que proporciona excelente luz para fotos.

Lagoa no interior do Mato do São Lourenço. Foto: DAM.

Garça-branca-pequena (Egretta thula). Foto: DAM.

Tapicuru (Phimosus infuscatus). Foto: DAM.

Martim-pescador-pequeno (Chloroceryle americana) fêmea. Foto: DAM.

De repente uma surpresa incrível! Não fui eu quem encontrei esse pequeno pássaro branco que tem por nome lavadeira-mascarada, foi ele que se mostrou tão logo eu botei os pés naquele lindo ecossistema. Pousou em uma arvoreta seca dentro da lagoa e passou a dar alguns "pios". Depois disso foi só alegria, permitindo boa aproximação e ficando no local até o fim da tarde, quando o resto do grupo também pode apreciar esse admirável registro, apenas o segundo para o Rio Grande do Sul.

Lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta). Foto: DAM.

Lavadeira-mascarada (Fluvicola nengeta) realizando sua exibição. Foto: Pedro Sessegolo.

É como vinha falando no começo da postagem... poderia até ser um dia bom, mas o que nos resta dizer sobre o dia depois de um momento desses? Diria que de alma "lavada" voltamos para casa.

Muito obrigado pessoal, até a próxima!

Grupo Ave Missões na Fazenda Estância Velha, em São Miguel das Missões. Foto: Márcia Koch Rodrigues.
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8 comentários:

  1. Muito bom, Dante! A saída foi ótima, como já era esperado, e o último registro foi a cereja do bolo!!

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    1. Obrigado pelo comentário e pelas fotos e companhia Adaltro! Grande abraço

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  2. Beleza de passeio!!!
    Rafael Ritter

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  3. Grande postagem, parabéns! Belíssimas
    fotos e como sempre, excelente texto... Lindos campos e lagoas!!!

    Ass.:Lucas N de Porto Alegre - RS

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  4. A Lavadeira-mascarada é uma ave relativamente confiante, eu tive a sorte de vê-la em uma reserva particular na província de Misiones, a poucos quilómetros do Brasil. Para o nosso país é espécie bastante nova, acredita-se que está se expandindo para o sul por causa das demontes e criando misaicos de campos florestais e culturas. Esse determinado lugar praticamente assegura olhar a espécie nos últimos anos, chama se San Sebastian de la Selva.

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  5. Deixo um link, se é de interesse: http://aves-argentina.blogspot.com.ar/2015/04/recien-llegada-al-pais.html

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