*por Márcia Koch Rodrigues e integrantes do Grupo Ave Missões
Ao som de muitos "piuiiiis", "pupus", "tzi tzis", "péinnns" foi o nosso carnaval em São Francisco de Paula.
Depois da logística de viagem e "muuitaaa" conversa no whatsapp finalmente conseguimos reunir o Ave Missões na nossa tão amada Casa da Sogra.
Éramos 15 participante do grupo, com o retorno dos queridos Mirtes e Becker, mais a Edenice (gestora da Flona) e o Hannes (dono da torre de observação mais bacana da serra) incansáveis parceiros e a participação especial da Eamim e da Nádia.
E como resultado, nestes 3 dias observamos mais de 130 espécies de aves (veja lista)!
Torre do Hannes
Sábado foi dia light, torre e passeio pelo condomínio Alpes de São Francisco pela manhã e à tarde a visita a uma reserva particular enquanto aguardávamos a chegada do resto do grupo. Light mas não menos produtivo, o amigo Hannes construiu uma torre de 25 metros no meio de uma floresta de araucárias incrível... só o visual já vale a subida. O sanhaçu-de-encontro-azul foi a estrela da manhã, assim como o piolhinho e o catraca.
Sanhaçu-de-encontro-azul (Tangara cyanoptera). Foto: Paulo Buchabqui Rodrigues. |
Reserva Particular
*por Adelita Rauber
No sábado à tarde o nosso guia foi o Hannes, que nos levou a uma reserva particular de aproximadamente 400 ha de mata de araucária, junto à RS 235, que liga Canela a São Francisco de Paula. Hannes, como sempre muito bem humorado, animou a tarde. Logo na entrada da reserva, tivemos um belíssimo encontro com uma linda família de bugios-ruivos (5 indivíduos), os quais deslocavam-se tranquilamente pela floresta, facilitando as fotos ao sol.
Bugio-ruivo. Foto: Adelita Rauber. |
Como a temperatura estava bem elevada, a mata de araucárias estava bastante silenciosa; ouvia-se somente o som dos carros que passavam pelo asfalto próximo. Como bom passarinheiro é necessário um pouco de emoção durante a trilha... entrar na mata de um lado, se perder (um pouco só hehehe) e sair do outro lado, próximo a várias "casinhas" de abelhas também faz parte, ainda bem que elas estavam bem tranquilas.
Nesta reserva particular observamos a ave símbolo do Grupo Ave Missões: o surucuá-variado.
FLONA
*por Claudio Furini
No domingo, enquanto o Brasil envolvia-se com o carnaval, a programação definida previamente e ansiosamente esperada por todos era uma visita à Flona (Floresta Nacional de São Francisco de Paula-RS). Pessoalmente, era um sonho de anos, sempre adiado e que enfim estava se concretizando. Tanta ansiedade nos fez despertar às 05 horas da manhã: havíamos combinado de sair cedo para aproveitar as primeiras horas do dia, esperando que o clima mais ameno permitisse uma maior atividade das aves. Felizmente, não nos enganamos... Acompanhados pela Gestora Edenice, que solicitamente nos franqueou a entrada na área (bem como uma confortável casa para quem não iria se aventurar, caso da Jurema) e também nos acompanhou no passeio, nos embrenhamos por uma trilha promissora, floresta a dentro. E logo, as novidades se apresentaram. O capitão-castanho não facilitou a vida de nenhum fotógrafo, mas permitiu a alguns seu registro; da mesma forma o patinho deu um espetáculo de dificultar as fotografias.
Capitão-castanho (Attila phoenicurus). Foto: Cláudio Furini. |
Nesse mesmo caminho, escutamos o tovacuçu, o pinto-do-mato bem próximo e a incansável e sempre oculta araponga. A essa altura percebemos a magnitude da floresta nativa da região: araucárias centenárias, com vários metros de diâmetro, riachos transparentes, vegetação exuberante com insetos em sua rotina alheia à presença humana. A araponga quase permitiu seu registro... Mas passarinheiros sempre se conformam com o quase (ou talvez fazem de conta que se conformam). Nessa mesma trilha registramos ainda o tangará (macho e fêmea) e o grimpeiro, além do arapaçu-verde, cais-cais e tuque e uma “libélula-helicóptero”.
Grupo Ave Missões em araucária centenária. Foto: Márcia Koch. |
Para quem se aventurou em um desvio da trilha, uma visão magnífica: saindo de um terreno plano, em poucos metros nos deparamos com um profundo cânion e uma cascata que se precipita por aproximadamente oitenta metros na entrada do local. Imaginei montar um acampamento nesse local, com a vista magnífica e ficar observando rapinantes...
Mirante na Flona. Foto: Márcia Koch Rodrigues. |
No caminho de volta à sede assistimos ao eclipse solar, munidos por fragmentos de raio-x fornecidos pela incansável Edenice, que nos permitiu ver esse fenômeno. Famintos, voltamos à casa da sogra, onde o Ricardo Oliveira (gaúcho das Uruguaianas) nos assou um excelente Merino Australiano e outros acompanhamentos (entre eles a excelente reserva de cachaça, uísque e cerveja estocados na “Casa do Sogra”. O resultado dessa fartura foi tanto que alguns perderam o grande e último registro desse dia: o bacurau-da-telha, que deu moleza para os ungidos pela sorte e pelo destino...
Bacurau-da-telha (Hydropsalis longirostris). Foto: Danielle Bellagamba de Oliveira. |
Pela estrada
*por Gina Bellagamba
Sempre o caminho até os locais de observação nos reservam surpresas e desta vez não foi diferente.
No domingo ao retornar da Flona encontramos várias espécies de aves com destaque ao caboclinho-de-barriga-preta, noivinha-de-rabo-preto, arredio-do-gravatá, canário-do-brejo, seriemas e grande bando de taperuçu-de-coleira-branca.
Arredio-do-gravatá (Limnoctites rectirostris). Foto: Pedro Sessegolo. |
Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster). Foto: Ricardo de Oliveira. |
Na segunda-feira a caminho do Pró-Mata o encontro com o pedreiro foi um show à parte. Marias-faceiras, andorinhas-de-dorso-acanelado e um grande susto com o gavião-caboclo com gosto de águia-cinzenta.
Pedreiro (Cinclodes pabsti). Foto: Danielle Bellagamba de Oliveira. |
Grupo Ave Missões na Estrada. Foto: Ricardo de Oliveira. |
A inebriante paisagem dos Campos de Cima da Serra contagiou a todos com uma energia alegre e descontraída com os velhos e novos amigos.
Grupo Ave Missões passarinhando na estrada. Foto: Jurema Furini. |
Pró-Mata
*por Pedro Sessegolo
Neste blog escrito a várias mãos, me coube descrever como foi a saída a campo do Grupo Ave Missões na Área de Conservação denominada Pró-Mata. Antes de tudo, porém, é preciso dizer que talvez me falte a inspiração que o amigo Dante Meller possui quando nos encanta com a descrição das várias atividades do Grupo, mas vamos, a nossa maneira, tentar relatar o que se passou naquele maravilhoso local. Para chegar ao local é necessário percorrer mais de 30 km, a maioria de estrada de chão. Chegamos ao nosso destino já no meio da manhã. Cabe descrever, primeiro, que o Projeto Pró-Mata foi desenvolvido dentro da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a partir da ideia de se criar uma Área de Conservação, voltada basicamente para a pesquisa e a conservação da natureza. Possui aproximadamente 3.100 ha, recobertos, na sua maior parte, por florestas primárias e secundárias e também por dois pequenos trechos com campos nativos. Apesar da distância, o local conta com uma bela infraestrutura para acolher estudantes e pesquisadores.
Paisagem no Pró-Mata. Foto: Márcia Koch Rodrigues. |
O que mais nos surpreendeu, no início, foi a estonteante vista que se tem no local, com uma bela vista das montanhas e até mesmo do litoral norte do estado, vislumbrando-se as praias de Capão da Canoa e Arroio do Sal e as lagoas que as cercam. Enfim, muita natureza para encher os olhos. Claro que neste ambiente não poderiam faltar aquelas aves típicas, eis que logo a paisagem foi entrecortada por uma revoada de gaviões-tesoura, andorinhas-de-dorso-acanelado e taperuçus-de-coleira-branca, fazendo nossas máquinas fotográficas trabalharem incansavelmente.
Partimos para a primeira trilha, cujo ponto máximo foi o Mirante das Bananeiras. Este Mirante mostrava a face Oeste da área e ao longe a conhecida estrada Rota do Sol.
Grupo Ave Missões no Mirante das Bananeiras. Foto: Márcia Koch Rodrigues. |
Durante a tarde efetuamos mais uma incursão no local, desta vez num local mais fechado, de mata primária, com grande destaque pelo primeiro registro da grande maioria dos participantes da araponga. Ela foi ouvida muitas vezes na FLONA, sem nenhuma possibilidade de visualização. Mas aqui deu o ar da graça, sempre na parte mais alta das copas. E na trilha, quem dava o show era o beija-flor-de-fronte-violeta, aproveitando-se da grande floração dos brincos-de-princesa.
Araponga (Procnias nudicollis). Foto: Ingrid Sessegolo. |
Depois, foi aquela correria quando o Hannes anunciou ter ouvido o corocochó, encontro também muito esperado e lifer para a maioria dos observadores.
O Pró Mata é um lugar muito promissor, até porque reúne em um só lugar praticamente todos os ambientes, além de estar situado na fronteira nordeste do estado, últimos redutos da Mata Atlântica preservada, permitindo a observação de algumas espécies que não ocorrem no restante do estado.
Casa da Sogra
No pátio da Casa da Sogra todos puderam apreciar o espetáculo de todas as manhãs dos papagaios-de-peito-roxo, assim como o anambé-branco-de-rabo-preto, sanhaçu-frade, saíra-preciosa e todos os frequentadores do “comedouro do Paulo”.
A surpresa ficou por conta do bacurau-da-telha (inédito pra São Chico) e da corujinha-do-mato, nova visitante da Casa.
Papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea). Foto: Paulo Buchabqui Rodrigues. |
Partindo de Santo Ângelo... de Uruguaiana a Tenente Portela, de Santa Maria a Cruz Alta, nosso grupo se espalha, se entrelaça e se une cada dia mais... amigos que além do amor aos pássaros e à natureza tem muitas outras coisas em comum: a alegria, o prazer em compartilhar e o coração bem grande onde sempre cabe mais um.
Dani na Casa da Sogra em São Chico. Foto: Márcia Koch Rodrigues. |
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Pessoal, foi tudo muito especial e cheio de alegria! Abraço a todos!!!
ResponderExcluirBeleza, bons momentos!!
ResponderExcluirA amizade que surgiu pelo som ou voo de um pássaro só podia ser assim, repleta de alegria e companheirismo. Até a próxima!
ResponderExcluirGrande postagem, belas fotos e excelentes textos, parabéns ao grupo! Lindos cotingídeos!!!
ResponderExcluirAss:Lucas N de Porto Alegre - RS