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Flamingo-chileno na Lagoa do Peixe. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
*por Christian Beier
Existe um livro de Nassim N. Taleb intitulado “A lógica do
cisne negro”.
Nele o autor fala sobre filosofia e estatística, uma leitura
pesada talvez.
Vou poupar-lhes da aula de estatística, mas em síntese esse
livro diz que os eventos menos prováveis são aqueles que acabam causando o
maior impacto nas nossas vidas (seja positiva ou negativamente).
O que o cisne negro tem a ver com isso? ...
Imagine que antes dos europeus iniciarem as grandes navegações, todos os cisnes conhecidos eram inteiramente brancos. Qual seria a probabilidade de encontrar algum cisne totalmente preto? Mínimas! No entanto, quando os europeus chegaram na Austrália, encontraram vários cisnes negros, na verdade uma espécie (
Cygnus atratus). Por isso o título do livro. O engraçado é que aqui na América do Sul, e no Rio Grande do Sul inclusive, temos uma espécie de cisne metade branco e metade preto, o cisne-de-pescoço-preto (
Cygnus melancoryphus). Não sei se esse cisne de duas cores não seria mais ou menos provável na visão dos antigos europeus. Mas sei que cisnes-de-pescoço-preto seriam bem prováveis de encontrar na saída do Ave Missões, cujo destino era o Parque Nacional da Lagoa do Peixe.
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Grupo Ave Missões no PN da Lagoa do Peixe. Foto: Márcia Koch. |
Alguns amigos do grupo já haviam ido passarinhar na Lagoa do
Peixe, em dezembro de 2015, então já tinham alguma ideia das possibilidades.
Além disso, nosso amigo Pedro Sessegolo estava em constante contato com nosso
guia para saber das condições de acesso. Em virtude do grande volume de chuvas
nas semanas anteriores, ficamos sabendo que a Lagoa estava muito cheia. A
abertura da barra da Lagoa do Peixe, sua conexão com o mar, era algo que estava
previsto, mas eram necessárias condições bem específicas de vento para que
pudesse ser feita. Esse evento poderia ser bom para nós, já que algumas aves
são atraídas por ele.
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Bando de talha-mar. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Pegamos a estrada no feriado de Corpus Christi, antes do raiar
do dia. Logo ficamos sabendo que a barra da Lagoa havia sido aberta, o que
deixou o grupo animado. Após uma pausa para o almoço em Porto Alegre e a
reunião com mais dois amigos que iriam conosco, seguimos viagem. Até o momento
não tínhamos parado muito no caminho, mas a partir de Capivari do Sul as
paradas foram frequentes e com direito a
lifers
para alguns integrantes do grupo. De cara, a abundância de duas espécies chamou
a atenção: o gavião-caboclo (
Heterospizias
meridionalis), visto a cada poucos quilômetros, e o garibaldi (
Chrysomus ruficapillus), que formava
bandos grandes fartando-se nas lavouras de arroz já colhidas. Mas o momento
mais emocionante da viagem foi quando um gavião-do-banhado (
Circus buffoni) estava sobrevoando uma
taipa entre lavouras de arroz, quando de repente caiu sobre um saracuruçu (
Aramides ypecaha). O gavião tirou o
saracuruçu do chão, mas este se desvencilhou das garras do predador e correu
para se esconder na vegetação. Momento este parcialmente capturado por nossas
câmeras, mas mesmo se não tivessem fotos, é esse tipo de coisa que faz a
observação de aves ser emocionante! Nunca se sabe o que pode acontecer!
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Garibaldi macho. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Gavião-do-banhado investindo contra o saracuruçu. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Chegamos na pousada ao anoitecer, e pelo nome não poderia
haver lugar melhor para nos hospedarmos: Aldeia Santuário das Aves! Tentamos
algumas corujas depois da janta, mas sem sucesso e isso se repetiu nas demais
noites.
No dia seguinte nos encontramos com o guia Flávio Ronaldo e
começamos a passarinhada! Fomos na Trilha das Figueiras e pelo trajeto já vimos
que o acesso aos locais poderia não ser muito fácil. As estradas estavam com
bastante água acumulada ainda, em poças, e temíamos que algum dos carros pudesse
atolar. Felizmente, não tivemos esse problema durante os dias que estivemos lá.
No entanto, a Lagoa do Peixe cobriu grande parte das trilhas que a atravessam,
limitando até onde podíamos ir. A água estava a poucas dezenas de metros da restinga.
Ali registramos caminheiro-de-espora (Anthus
correndera), joão-botina-do-brejo (Phacellodomus
ferrugineigula) e alegrinho-trinador (Serpophaga
griseicapilla), este último geralmente mais registrado no inverno aqui no
Rio Grande do Sul.
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Trilha das Figueiras. Foto: Márcia Koch. |
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Trilha das Figueiras. Foto: Márcia Koch. |
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Caminheiro-de-espora. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Seguimos para a Trilha do Talha-mar, onde nos deparamos com
a mesma situação da trilha anterior: quase toda submersa. Mesmo assim, dali
conseguíamos enxergar ao longe, mais no meio da Lagoa, um aglomerado de aves.
Ali estavam os cisnes-de-pescoço-preto, acompanhados por um casal de
capororocas (Coscoroba coscoroba) e
vários flamingos-chilenos (Phoenicopterus
chilensis). Porém, a distância era grande e não propiciou fotos ou uma
vista mais nítida dessas belíssimas aves. Mas os maguaris (Ciconia maguari) permitiram uma boa aproximação e de dentro do
carro conseguimos observar e fotografar, o que de certa forma compensou a
distância das outras aves. Na esperança de conseguirmos ver um pouco mais de
perto os flamingos e os cisnes, decidimos que após o almoço iríamos para a
barra da Lagoa do Peixe. Mas para isso teríamos que fazer uma volta muito
maior, pelo Balneário Mostardense, em função das trilhas estarem submersas.
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Flamingo-chileno. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Antes do almoço ainda fizemos uma parada para apreciar as
miniaturas de aves feitas pelo artesão Eloir Antonio Rodrigues da Silva. Um
trabalho lindíssimo! Compramos algumas miniaturas como lembrança da Lagoa do
Peixe, mas se tivéssemos dinheiro suficiente teríamos comprado um exemplar de
cada espécie de ave!
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Grupo Ave Missões com o artesão Eloir e suas belas miniaturas de aves. Foto: Márcia Koch. |
Então como havíamos decidido, depois do almoço nos dirigimos
para a praia pela Trilha das Dunas, mas paramos em um banhado para ver o que
encontraríamos. Este se mostrou um lugar muito promissor, onde gastamos algum
tempo. Haviam muitas andorinhas-de-sobre-branco (Tachycineta leucorrhoa) e estávamos tentando encontrar alguma
andorinha-chilena (Tachycineta leucopyga),
o que pode ser difícil já que as duas espécies são bem parecidas, e no fim não
conseguimos confirmar a andorinha-chilena. Registramos também bate-bico (Phleocryptes melanops), capororoca,
viuvinha-de-óculos (Hymenops
perspicillatus), papa-piri (Tachuris
rubrigastra), joão-da-palha (Limnornis
curvirostris), joão-pobre (Serpophaga
nigricans), e um gavião-preto (Urubitinga
urubitinga).
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Trilha das dunas. Foto: Márcia Koch. |
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Bate-bico. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Viuvinha-de-óculos fêmea. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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João-da-palha. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
O papa-piri veio bem pertinho da estrada, após termos
atraído ele com o
playback, e deu um
show à parte. Foi quando um dos maiores sustos da viagem aconteceu. Nosso amigo
Adaltro teve que trocar o cartão de memória da câmera dele, pois este encheu.
Ele estava em cima de uma ponte de madeira, o cartão caiu na ponte e caiu na
água por entre as tábuas. Todas as fotos do dia anterior e daquela manhã
estavam naquele cartão. Deve ter dado um frio na espinha. Mas, depois do choque
inicial, foram para a água, era raso e a água bem cristalina. Qual seria a probabilidade
de encontrar o cartão dentro da água? Mas nosso guia enxergou o cartão e
conseguiu pegá-lo. Que alívio! Depois de deixar o cartão secar um tempo foi
confirmado que nada se perdeu. O trajeto até a barra da Lagoa era longo, por
isso resolvemos seguir adiante para não ficar muito tarde.
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Papa-piri. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Que susto hein Adaltro?! Foto: Paulo B. Rodrigues. |
Na praia as aves são outras! Quilômetros de praia e a cada
poucos metros havia algum piru-piru (Haematopus
palliatus), gaivota-maria-velha (Chroicocephalus
maculipennis), gaivotão (Larus
dominicanus) ou trinta-réis. Vez ou outra apareciam outras espécies de aves
costeiras e limícolas. Podemos destacar batuíra-de-coleira-dupla (Charadrius falklandicus),
batuiruçu-de-axila-preta (Pluvialis
squatarola), maçarico-branco (Calidris
alba), maçarico-de-papo-vermelho (Calidris
canutus). Os trinta-réis são um desafio à parte, já que existem espécies
muito similares e diferentes plumagens para a mesma espécie, assim como para os
maçaricos e gaivotas. Vimos trinta-réis-anão (Sternula superciliaris), trinta-réis-de-coroa-branca (Sterna trudeaui), trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) e
trinta-réis-real (Thalasseus maximus).
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Piru-piru. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Gaivota-maria-velha em plumagem de descanso reprodutivo. Foto: Christian Beier. |
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Batuíra-de-coleira-dupla. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Maçarico-de-papo-vermelho. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Trinta-réis-grande. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Chegando na barra da Lagoa do Peixe, nos deparamos com um
espetáculo pela grande vazão da água da Lagoa para o mar. Os peixes do mar
tentam entrar na Lagoa e as gaivotas e trinta-réis aproveitam para pescar. Os
flamingos não estavam lá, mas por enquanto sem frustração, afinal tínhamos mais
um dia pela frente. Aproveitamos alguns trinta-réis que se agrupavam pousados
nos bancos de areia que começavam a aparecer com a redução no nível da água.
Ainda havia sol, mas já que demoraria para darmos toda a volta na Lagoa para
voltarmos para a pousada, resolvemos que no dia seguinte valia a pena voltar
ali, com sorte a Lagoa um pouco mais baixa. No entanto, os amigos Leo e Ingrid
haviam ido explorar umas dunas mais afastadas, então o guia Flávio se
prontificou a ir chamá-los. Mas ele volta até um pedaço e faz sinal para irmos
até lá, haviam encontrado alguma coisa! A bateria da câmera de alguns já tinha
esgotado, mas tinha mais um
lifer nos
esperando nas dunas: um mandrião-de-cauda-comprida (
Stercorarius longicaudus)! Era um único indivíduo provavelmente
descansando por entre algumas dunas próximas da praia. Não parecia estar
machucado, pois voou bem com a nossa aproximação e pousou a algumas dezenas de
metros adiante. As últimas luzes do dia ainda possibilitaram boas fotos dele
por aqueles que ainda tinham carga nas baterias das câmeras. Podemos não ter
atolado os carros, mas voltando aos carros alguns de nós atolaram na areia até
o joelho só para termos mais histórias para contar! Depois começou o debate de
qual seria a espécie, porque o indivíduo não tinha a plumagem típica e sim uma
forma escura. Mas após consultas em guias e a outros amigos com mais
experiência com essas aves, foi confirmada a espécie.
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Mandrião-de-cauda-comprida. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Mandrião-de-cauda-comprida. Foto: Paulo B. Rodrigues. |
No dia seguinte, em um banhado ao lado da BR-101 vimos logo
cedo dois cardeais-do-banhado (Amblyramphus
holosericeus), e encaramos como um bom prenúncio do que viria pela frente.
Em seguida pegamos a Trilha das Dunas novamente e paramos no mesmo banhado do
dia anterior, tentando encontrar algumas espécies que não tínhamos visto. O
arredio-de-peito-manchado (Cranioleuca
sulphurifera) respondeu ao playback,
mas se mostrou de forma muito breve e depois simplesmente desapareceu. Quem
apareceu de novo foi o cardeal-do-banhado, pousado num fio de energia elétrica,
cantando e permitiu que nos aproximássemos bastante. Algumas espécies que vimos
no dia anterior também apareceram e permitiram alguns cliques, mas não nos
demoramos por ainda termos outro local para explorar de manhã.
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Cardeal-do-banhado. Foto: Aldatro C. Zorzan. |
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Arredio-de-papo-manchado. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Depois fomos na direção da Laguna dos Patos, num local
conhecido por Porto do Barquinho, pela Trilha Caieiras. Já na trilha topamos
com alguns cabeças-secas (Mycteria
americana), que não são comuns nessa época. E logo adiante, numa vala de
drenagem ao lado da estrada estava um socó-boi-baio (Botaurus pinnatus). Ave que se camufla muito bem em meio à palha
para onde voou, e a distância não permitiu boas fotos. Seguimos o caminho e nos
deparamos com boa parte da estrada alagada e lamacenta. Decidimos que não valia
a pena arriscar, afinal ainda tinha bom trecho pela frente. Voltamos e pegamos
uma outra estrada que levava até a margem da Laguna dos Patos, que estava muito
cheia também. Ali o destaque foram as gaivotas-de-cabeça-cinza (Chroicocephalus cirrocephalus), mais
comuns na Laguna dos Patos do que na Lagoa do Peixe. Voltando pela mesma
estrada fizemos uma parada, pois havia a possibilidade de encontrar o jacurutu
(Bubo virginianus) em um capão de
eucalipto e taquaras. E ele estava lá para a felicidade de todos! Podia não ser
lifer para todos, mas é uma ave
imponente que desperta nossa admiração sempre que a vemos. Para aumentar a
alegria, ele ainda pousou em um galho mais limpo e se mostrou por inteiro. O
dia já estava ganho! Mas ainda na estrada de volta topamos de novo com o
socó-boi-baio, que dessa vez nos permitiu um registro melhor.
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Jovens cabeças-secas. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Gaivota-de-cabeça-cinza. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Jacurutu. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Socó-boi-baio. Foto: Christian Beier. |
Após o almoço fomos para a praia a caminho da barra da Lagoa
do Peixe. Mais ou menos as mesmas espécies que vimos no dia anterior estavam na
praia. Com a adição de um indivíduo de batuíra-de-peito-tijolo (Charadrius modestus) e um indivíduo de
maçarico-de-sobre-branco (Calidris
fuscicollis). Além das aves nos deparamos com um jovem de lobo-marinho (Arctocephalus australis) descansando na
praia, mas poderia estar machucado, ficou a dúvida e na volta não estava mais ali. Lá na barra vimos também um indivíduo de maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla) junto com os
trinta-réis. E ao fundo, lá no meio da Lagoa, estavam eles: os
flamingos-chilenos, dois deles. Estavam em postura de descanso, apoiados em uma
perna e a cabeça virada para trás, escondida entre as asas. Mas ainda estavam distantes
para ter uma boa visão. Decidimos contornar um braço da Lagoa para ver se do
outro lado teriam mais flamingos e talvez outras espécies. E foi nesse trajeto
que alguns de nós de novo atolaram na areia! Vamos dizer que isso sempre é
prenúncio de algo bom! E quando demos a volta, lá estava um único
flamingo-chileno, mas próximo da margem. Possibilitou algumas fotos ainda
pousado e deu um espetáculo ao sair voando, e foi na direção da barra.
Resolvemos ir voltando, afinal tínhamos que caminhar um trecho até os carros e
queríamos dar uma olhada na Trilha do Talha-mar ainda. Já na praia indo para a
trilha, topamos com um único indivíduo de trinta-réis-de-bico-vermelho (Sterna hirundinacea), numa plumagem
diferente da típica de adulto (talvez um jovem de primeiro ano). Interessante
como algumas espécies que costumam ser mais abundantes nessa época foram
registradas apenas com um indivíduo. Talvez devido à quantidade chuvas e ao
nível da Lagoa, e por isso estavam em outro lugar. Difícil deduzir assim sem
mais informações.
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Batuíra-de-peito-tijolo. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
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Trinta-réis-de-bico-vermelho. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
Entramos na Trilha do Talha-mar, dessa vez pela praia, e a
situação era a mesma: chegamos a um ponto em que a trilha estava submersa e
ficamos por ali mesmo. Mas não foi uma viagem perdida até ali, pois vimos
sargento (Agelasticus thilius),
boininha (Spartonoica maluroides) e
curriqueiro (Geositta cunicularia). A
luz já estava indo embora, e as aves não estavam querendo se mostrar muito,
então foram vislumbres e poucos cliques. Para fechar com chave de ouro, fomos
agraciados com um belíssimo pôr do sol na Lagoa do Peixe.
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Pôr-do-sol na Lagoa do Peixe. Foto: Adaltro C. Zorzan. |
No último dia de manhã era hora de pegar a estrada de volta
para casa! A família Sessegolo ainda explorou um pouco mais a área da pousada
pela manhã, adicionando algumas aves aos nossos registros, totalizando em 134 espécies observadas (
veja a lista completa). Fomos nos despedir do Renato e sua filha, proprietários da
Aldeia Santuário das Aves, que tão bem nos receberam. Agradecemos a eles pela
hospitalidade, e ao nosso guia e amigo Flávio Ronaldo pela paciência e
disposição (e resgatar o cartão de memória)!
Voltando aos “cisnes negros”, quais as probabilidades de ter
tudo saído melhor até que a encomenda? Um dia antes da nossa chegada a barra da
Lagoa foi aberta, algo que poderia nos beneficiar. O tempo ajudou, sem chuva,
pouco vento, parcialmente nublado, mas com uma luz excelente. Encontramos
algumas espécies incomuns, mas as comuns também deram show. Vimos algumas
espécies emblemáticas, como os flamingos, mesmo que em pequeno número. Deixamos
alguns lifers de reserva para uma
próxima vez! Tivemos sustos, mas que felizmente foram só sustos! Então tudo deu
certo! Além disso estávamos em ótima companhia, cercados de amigos do Ave
Missões, com quem passamos quatro dias muito agradáveis! Certamente é algo que
vai ficar gravado em nossas memórias. Só temos motivos para agradecer!
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Grupo Ave Missões na Lagoa do Peixe com guia Flávio Ronaldo. Foto: Márcia Koch. |
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Veja também:
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Excelente e minucioso relato, Christian!! Parabéns!! Certamente só houve motivos pra comemorar e as boas memórias permanecerão para sempre conosco!!
ResponderExcluirMuito bom relato...
ResponderExcluirAdorei!! Me senti junto do grupo.
ResponderExcluirExcelente postagem, parabéns! Grande texto e ótimas fotos!
ResponderExcluirAss.:Lucas N de Porto Alegre - RS