Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

Nonoai: uma primeira impressão

* por Dante Andres Meller
Olho-falso. Foto: DAM.
Dizem que a primeira impressão é a que fica.

Em relação à intrigante Terra Indígena de Nonoai, que em outros tempos já foi parque, a primeira impressão foi impressionante! (com o perdão do trocadilho)

Essa área, composta por cerca de 16 mil hectares de um misto de Mata do Alto Uruguai e Mata de Araucária, contém muitas espécies interessantes para os amantes da avifauna, e provavelmente muitas ainda a serem descobertas...

Terra Indígena de Nonoai/Rio da Várzea. Foto: DAM.

Para falar da importância da TI de Nonoai/Rio da Várzea, e incluir também o Turvo e a Guarita no contexto, vou citar um breve trecho do capítulo das Aves, do Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção do RS:
"No extremo norte, o PE do Turvo, o antigo PE de Nonoai (recentemente revertido a área indígena) e, ao que tudo indica, também a Terra Indígena do Guarita são áreas criticamente importantes para a conservação da biodiversidade regional por resguardarem estoques populacionais de mais de uma dezena de espécies de aves que não existem mais em qualquer outra parte do estado, como o pica-pau-de-cara-canela, o araçaripoca, o araçari-banana e a viuvinha. Isso significa que, se não fosse por essas áreas, várias espécies de aves já teriam sido extintas no Rio Grande do Sul, principalmente aquelas restritas às florestas do Alto Uruguai" (Bencke et al. 2003). 
Localização dos três maciços florestais no noroeste e norte do Rio Grande do Sul.

Foi uma passada rápida por Nonoai, sem muitas pretensões, já que eu e o colega Alfieri estávamos voltando de um campo e o local ficava pelo nosso caminho. O interessante é que mesmo ficando pouco tempo nos arredores da reserva, uma série de aves interessantes apareceu. Primeiro, foram três tesouras-cinzentas em vegetação baixa no entorno da área. Depois uma marianinha-amarela em um taquaral na borda do mato. Foi o suficiente para nos convencer de que valia à pena investir um pouco mais.

Tesoura-cinzenta (Muscipipra vetula). Foto: DAM.

Marianinha-amarela (Capsiempis flaveola). Foto: DAM.

A seguir, adentrando um pouco o mato numa área de grandes araucárias, foi a vez da passarada nos entreter por mais de hora... chegamos a esquecer do almoço. Para tentar os registros, investimos um bom tempo nas espécies que estavam vocalizando na área, pois estavam bem ativas e quem não gostaria de colocar no mapa (ao menos do WikiAves) aves como papa-moscas-cinzento, grimpeiro, trovoada-de-bertoni, negrinho-do-mato, miudinho, araçari-banana, caburé e arapaçu-de-garganta-branca?!

Papa-moscas-cinzento (Contopus cinereus). Foto: DAM.

Grimpeiro (Leptasthenura setaria). Foto: DAM.

Trovoada-de-bertoni (Drymophila rubricollis) macho. Foto: DAM.

Negrinho-do-mato (Amaurospiza moesta) macho. Foto: DAM.

Miudinho (Myiornis auricularis). Foto: DAM.

Casal de araçaris-banana (Pteroglossus bailloni). Foto: DAM.

Caburé (Glaucidium brasilianum), forma ferrugínea. Foto: DAM.


Arapaçu-de-garganta-branca (Xiphocolaptes albicollis). Foto: DAM.

Para nossa surpresa, em meio àquilo tudo, um olho-falso cantava. Na hora ficamos um pouco na dúvida entre este e o catraca, mas o seu canto trinado, aliado à sua característica mancha branca entre o olho e o bico, apresentada na foto abaixo, não restou dúvida, o que só conseguimos confirmar ao olhar as fotos no computador. Um lifer especial, já que foi também o primeiro para o RS no site do WA.

Olho-falso (Hemitriccus diops). Foto: DAM.

Ouvimos ainda o tamborilar do pica-pau-rei, mas ficamos sem fotos deste belo pica-pau, quem sabe não fica para uma próxima...

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195 belas desculpas pra passarinhar no Turvo & na Guarita - 2017
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4 comentários:

  1. Mas que bicharada!! É o lugar certo para as pessoas certas!! Parabéns aos desbravadores!!

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    1. Muito obrigado Adaltro!! Lugar riquíssimo em aves pelo jeito mesmo... Um abraço

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  2. Parabéns, belíssimo post! O local parece mesmo muito rico em biodiversidade... Lindos araçaris e caburé!

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    1. Obrigado Lucas! É sim, um local muito interessante e pouco visitado por observadores, lembra o Turvo, mas com araucária... Grande abraço!

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