*por Dante Andres Meller
Cardeal-amarelo macho. Foto: DAM. |
Na vida, precisamos de refúgios. É do ser humano o necessitar espairecer, desligar. Parece fácil, mas tornamos difícil essa simples tarefa.
No garrão gaúcho-brasileiro, seja pelos vastos campos abertos ou entre as emaranhadas savanas de espinilho, a longitude da paisagem nos afasta de tudo e nos reaproxima de nós mesmos.
É um lugar especial, com jeito característico da tríplice fronteira, e que mais uma vez acolheu estes missioneiros para uma saída de observação.
Em relação às aves, o dito da canção é muito acertado: "Não conhece o Rio Grande, quem não foi a Uruguaiana".
A acolhida
Saindo das Missões, após Santo Antônio, os campos começam a ficar cada vez mais comuns na paisagem. E foi ali mesmo, de passagem, que eu, a Ataiz e o Francesco pudemos avistar uma iraúna-grande, que infelizmente não deu condições para foto.
Nossa viagem foi assim, cada pequeno grupo foi por conta, para nos reunirmos todos em Uruguaiana, portanto alguns viram aves diferentes que outros no caminho. Mas, em Itaqui, nos encontramos com o restante dos amigos vindos de Santo Ângelo (Paulo, Márcia, Alfieri e Adaltro) e, ao ter que parar na ponte do Ibicuí, diversos cavalarias nos entreteram enquanto esperávamos sinal verde para seguir.
Nossa viagem foi assim, cada pequeno grupo foi por conta, para nos reunirmos todos em Uruguaiana, portanto alguns viram aves diferentes que outros no caminho. Mas, em Itaqui, nos encontramos com o restante dos amigos vindos de Santo Ângelo (Paulo, Márcia, Alfieri e Adaltro) e, ao ter que parar na ponte do Ibicuí, diversos cavalarias nos entreteram enquanto esperávamos sinal verde para seguir.
Já em Uruguaiana, a caminho da Estância Coqueiro, começariam a aparecer cada vez mais aves interessantes, e lá mesmo nos juntamos com os amigos Sessegolos, vindos de Cruz Alta, que já haviam topado com a águia-chilena no caminho.
Nesse local, avistamos os colegiais, à beira de uma barragem, onde também havia dois mergulhões-grandes e dois mergulhões-de-orelha-branca, que estavam longe demais para boas fotos.
Nesse local, avistamos os colegiais, à beira de uma barragem, onde também havia dois mergulhões-grandes e dois mergulhões-de-orelha-branca, que estavam longe demais para boas fotos.
Colegial (Lessonia rufa) macho. Foto: DAM |
Depois disso, ainda na estrada, foi a vez dos gaviões. Primeiro, um casal de águias-chilenas voando um pouco alto e longe demais para boas fotos. Depois, diversos gaviões-caboclos, caramujeiros e um quiriquiri devorando um anfíbio bem na nossa frente! Também avistamos um gavião-cinza sobrevoando uma resteva de arroz. É impressionante a diversidade de rapinantes que a gente encontra nessa região.
A Estância Coqueiro
Agora sim, já na Estância Coqueiro, fomos recepcionados pelos amigos Ricardo e Gina. Faltavam apenas o Furini e a Ju, que vinham de Tenente Portela. Ali na estância, logo começaram a aparecer aves interessantes, ainda que a tarde já estivesse findando, e nós estávamos interessados também em observar o eclipse lunar.
Mais tarde, em frente à lareira, já todos reunidos, pudemos confraternizar e assistir à bela apresentação do Ricardo, sobre sua recente viagem para a Espanha, junto com outros fotógrafos de aves prestigiados, como o Edson Endrigo.
Mais tarde, em frente à lareira, já todos reunidos, pudemos confraternizar e assistir à bela apresentação do Ricardo, sobre sua recente viagem para a Espanha, junto com outros fotógrafos de aves prestigiados, como o Edson Endrigo.
Na manhã seguinte, os pássaros estavam muito ativos. Em uma caminhada ao redor da sede da estância, encontramos diversas espécies típicas dos espinilhais da fronteira, como alegrinho-trinador, capacetinho e lenheiro.
Alegrinho-trinador (Serpophaga griseicapillus). Foto: DAM. |
Lenheiro (Asthenes baeri). Foto: DAM. |
Praticamente junto da sede, também encontramos espécies fantásticas, como a pomba-do-orvalho, o coperete e o arapaçu-platino, uma das mais emblemáticas aves de Uruguaiana e símbolo dos amigos do Fronteira Oeste Observa.
Pomba-do-orvalho (Patagioenas maculosa). Foto: DAM. |
Coperete (Pseudoseisura lophotes). Foto: DAM. |
Arapaçu-platino (Drymornis bridgesii). Foto: DAM. |
Depois disso, ainda pela manhã, fomos ver o mergulhão-grande na barragem perto da porteira e, mais adiante, dois bacuraus-tesouras em um eucaliptal. Também tiramos um tempinho para procurar com sucesso uns caminheiros-de-unhas-curtas em um campo no alto de uma coxilha. Tudo isso, guiados pelo nosso querido anfitrião Ricardo.
Mergulhão-grande (Podicephorus major). Foto: DAM. |
Bacurau-tesoura (Hydropsalis torquata) macho. Foto: DAM. |
Caminheiro-de-unha-curta (Anthus furcatus). Foto: DAM. |
À tarde, fomos visitar uma sede vizinha. Lá, caminhamos em um espinilhal, onde algumas poucas espécies foram vistas, como a saíra-preciosa e o suiriri-cinzento.
Suiriri-cinzento (Suiriri suiriri). Foto: Cláudio Furini. |
Grupo reunido em Uruguaiana. Foto: Márcia Koch. |
O Parque Estadual do Espinilho
No último dia, fomos visitar o exuberante Parque do Espinilho. Antes mesmo de chegar, uma parada na lagoa à beira da estrada, onde haviam vários frangos-d'água-carijó, gaivotas-de-cabeça-cinza, mergulhões-de-orelha-branca e três marrecões.
Já no parque, fomos cordialmente recebidos e acompanhados pelo gestor Maurício, que vem fazendo um belo trabalho em prol da Unidade de Conservação.
Esse parque é o destino principal dos observadores de aves na fronteira oeste. Existem espécies que no país só ocorrem ali! Outras, como o cardeal-amarelo, atualmente têm no local sua principal área de ocorrência. Essa espécie era o alvo principal, mas estávamos atentos a tudo mais que aparecesse. E, depois de alguns momentos caminhando por entre aquela bela paisagem savânica, encontramos os cardeais, além de outras espécies típicas também.
Bico-duro (Saltator aurantiirostris). Foto: DAM. |
Rabudinho (Leptasthenura platensis). Foto: DAM. |
A caminho de casa
No caminho de volta, várias surpresas interessantes... Ainda em Uruguaiana, dois casais de águias-chilenas pudemos avistar. Perto do São Donato, em Itaqui, também avistamos um tuiuiú e um gavião-preto. Este último somente registrado pelos amigos Sessegolos.
Águia-chilena (Geranoaetus melanoleucus). Foto: DAM. |
Mais uma excelente saída com os amigos avemissioneiros na Fronteira Oeste. Foram 120 espécies observadas (veja lista), sendo algumas delas certamente restritas a esta saída ao longo do ano.
Agradecemos gentilmente aos amigos Ricardo e Gina por toda a acolhida na fronteira, e também ao gestor Maurício pelo acesso ao PE do Espinilho. Já estamos com saudades desse lugar pra lá de especial. Um fraterno abraço missioneiro a todos!
"Não te preocupa bagual
que campeiro não se engana
quem segue o rastro do Sol
sempre chega a Uruguaiana"
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Veja também:
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Bela combinação de palavras e imagens. Fica sempre um gostinho de quero mais... Parabéns pelo relato!!
ResponderExcluirObrigado Adaltro, e parabéns pelas suas belas fotos, que enriqueceram o relato! Abraços
ExcluirShow Dante, como sempre!!
ResponderExcluirValeu Pedro! Obrigado pelas fotos! Grande abraço
ExcluirQue beleza, Dante! Muito bom, parabéns!!
ResponderExcluirObrigado Paulo! Um grande abraço
ExcluirExcelentes registros. Parabéns ao grupo.
ResponderExcluirObrigado Marcelo!!
ExcluirQue lugar fantástico Dante e que bela passarinhada! Espero um dia conhecer essa região!
ResponderExcluirSim, Osni! Muito legal mesmo! Temos que remarcar uma ida pra lá. Um abraço!
ExcluirExcelente postagem, disfruté ucho de ver a aves conocidas del otro lado del río, solamente me falta ver en libertad al cardenal amarillo, es una alegría que esté prosperando en esa zona a pesar de estar tan perseguido y amenazado. El Parque do Espinilho parece ser un lugar interesante para visitar, quizás algún día pueda ir cuando viaje hacia el norte.
ResponderExcluirSaludos
Gracias Hernán! No Parque do Espinilho é relativamente fácil de encontrar o cardeal-amarelo, além do mais, é muito bela a paisagem, recomendo uma visita a este local. Saludos!
ExcluirBelo relato e ótimas fotos, parabéns ao grupo! Incrível ver imagens de um tuiuiú no RS!
ResponderExcluirObrigado Lucas! É realmente incrível ver um tuiuiú por essas bandas, mas eles não são tão raros assim lá pelos banhados e barragens de São Borja, Maçambará, Itaqui... É só ficar atento que se encontra, além de que permitem boa aproximação para fotos. Valeu, um abraço
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