Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Mirando aves en la Estancia Urundey, Paraguay

     Normalmente, pessoas vão ao Paraguai para comprar alguma coisa. Entende-se... é bem típico nosso querer algo que não se tem, e ainda mais quando se paga menos. Mas o que me levou ao país não foi bem isso, sua natureza é muito rica, incluindo suas aves. Se buscava algo que não tinha eram registros e vivências novas, e foi exatamente o que trouxe de lá. Estive na Estância Urundey em Pedro Juan Caballero, Paraguai.

Acauã (Herpetotheres cachinans) na Estância Urundey, Paraguai.

     Paraguai, Argentina e Brasil compartilham da Floresta Atlântica Interior, a mesma  que cobre o Parque Estadual do Turvo, no RS, e sofreu um intenso desmatamento ao longo da ocupação de seu território.

Macuru-de-barriga-castanha (Notharchus swainsoni), umas das espécies afetadas pelo desmatamento.

     A província Argentina de Misiones é o trecho mais bem preservado desse ecossistema, que segue desde o noroeste gaúcho até o sudeste do Paraguai, onde ainda existem remanescentes consideráveis de mata que abrigam uma avifauna típica. É o caso da araponga (Procnias nudicollis), ameaçada de extinção e símbolo da fauna paraguaia. A espécie até foi ouvida nos matos da Estância Urundey, mas fotos só de outra ave florestal algo parecida, a araponga-do-horto (Oxyruncus cristatus).

Araponga-do-horto (Oxyruncus cristatus).

     Nas matas ainda vimos o caneleiro (Casiornis rufus, à esq.) e a viuvinha (Colonia colonus).




     


















     A Estância Urundey situa-se no limite norte da Floresta Atlântica Interior, e, como a mata é fragmentada, suas áreas abertas possuem uma composição bastante associada àquela dos seus biomas vizinhos, principalmente do Chaco e do Cerrado. O Pantanal, por estar próximo, também chega exercer influência na composição, e mesmo araras-azuis ocorrem na área, mas fotos ainda ficarão pra próxima.

Picapauzinho-anão (Veniliornis passerinus).
Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva).


Fogo-apagou (Columbina squammata).

Rapazinho-do-chaco (Nystalus striatipectus).
     
     As atividades da fazenda são representadas pela agricultura e pela pecuária, esta com pastos altos e árvores esparsas, formando um ecossistema interessante. Existem ainda vários fragmentos florestais significativos em um mosaico que parece bastante favorável à fauna. O gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), por exemplo, foi avistado sobrevoando esse tipo de paisagem.

Gavião-pato em voo na Estância Urundey.

Mata do Taguató, com cerca de 500 ha.

Lifers

     Conhecer novas espécies é sempre motivador, ainda mais quando se tem a oportunidade de registrar algumas em fotografias. Além do macuru-de-barriga-castanha, araponga-do-horto, caneleiro, picapauzinho-anão, rapazinho-do-chaco e arara-azul, também registrei pela primeira vez o japacanim, o ferreirinho-relógio, o caneleiro-de-chapéu-preto, o papa-formiga-vermelho e o murucututu, alguns com fotos, outros não.

Japacanim (Donacobius atricapilla).
  
Papa-formiga-vermelho (Formicivora rufa).

     Por fim agradeço à família Moura, pela oportunidade de trabalhar na estância; a todos os seus funcionários, por me acolherem tão bem e ajudarem no trabalho de campo; e ao meu filho Francesco, que foi companheiro em diversas aventuras, trazendo enorme alegria ao meu coração.

* Todas as fotos foram feitas por D. Meller na Estância Urundey, Pero Juan Caballero, Paraguay, em julho de 2012.

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