Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Passarinhando no Cantão Suíço das Missões e arredores - 2017

Saíra-de-chapéu-preto.
Foto: Pedro Sessegolo.
por Dante Andres Meller
Abrindo o ano de 2017 tivemos a já consolidada saída para São Paulo das Missões, este ano estendida aos municípios de Roque Gonzáles e Dezesseis de Novembro.

Foi uma saída muito proveitosa, com 14 participantes e 127 espécies observadas (confira a lista!).

A saída foi dedicada à memória de nosso saudoso amigo Jeferson Spohr Haas, jovem observador de aves natural de Roque Gonzáles.
Flor do campo na Reserva do Pau-ferro em Dezesseis de Novembro. Foto: DAM.

Essa saída a campo contou com uma novidade para a grupo, foi a primeira vez que utilizamos uma lista impressa, que a partir de agora será padrão nas saídas. A lista é um subproduto do livro Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul, que está em finalização, e consta de 419 espécies. Em breve a lista estará disponível para download.

Municípios e localidades interessantes para observar aves nos arredores de São Paulo das Missões.

Pinheiro Machado

Situada no interior de São Paulo das Missões, a Vila Pinheiro Machado é o ponto principal desta nossa saída a campo, que vem se firmando ano após ano. O local é a terra natal do Carlos Neimar Kuhn, nosso anfitrião e organizador da saída, e lá ainda moram seus pais, que nos recebem sempre de forma acolhedora. Além dos saborosos cafés coloniais alemães, tanto na casa do Carlos como na Kerbfest, a festa típica do município, que coincide com nossa saída, o local é repleto de registros interessante de aves. Para se ter uma ideia, na saída do ano passado encontramos saí-azul, arapaçu-de-bico-torto e gavião-bombachinha, este último também avistado na saída deste ano.

Grupo observando aves na subida ao morro na Pinheiro Machado. Foto: Carlos Neimar Kuhn.

Logo na subida ao morro da casa do Carlos, encontramos diversas aves em uma grandiúva frutificando. Ali apareceram como destaque tangará, guaracava-cinzenta e pica-pau-anão-de-coleira. Depois continuamos nossa caminhada, onde tivemos a oportunidade de registrar alguns andorinhões-de-sobre-cinzento, confirmados pelo canto, e também um gavião-de-cauda-curta jovem, realizando manobras em voo. A seguir, à beira da mata, fizemos bons registros do anambé-de-bochecha-parda (haviam 4 indivíduos!) e de um casal de saíras-de-chapéu-preto, representada como lifer para diversos integrantes do grupo.

Tangará (Chiroxiphia caudata) em plumagem quase completa. Foto: DAM.

Guaracava-cinzenta (Myiopagis caniceps). Foto: DAM.

Pica-pau-anão-de-coleira (Picumnus temminckii) macho. Foto: Adaltro C. Zorzan.

Gavião-de-cauda-curta (Buteo brachyurus) jovem. Foto: Carlos Neimar Kuhn.

Anambé-de-bochecha-parda (Tytira inquisitor) fêmea. Foto: Pedro Sessegolo.

Saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata) fêmea. Foto: Pedro Sessegolo.

Grupo descendo o morro em direção ao almoço servido na casa dos pais do Carlos. Foto: Ingrid Sessegolo.

Campestre da Lagoa

Essa localidade foi visitada à tarde, sendo a primeira vez que fomos no local, já conhecido do Carlos, com o grupo. É um campestre no alto de um morro, com uma vegetação bem peculiar, onde afloramentos rochosos reduzem a vegetação a apenas gramíneas, cactos, gravatás, etc. A vegetação campestre, por sua vez, é cercada por formação arbórea, onde destacam-se diversos indivíduos de canela-de-veado, ipê-roxo e pau-ferro.

Campestre em topo de morro em São Paulo das Missões. Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Lagoa no Campestre. Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Cactos em afloramento rochoso. Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Nesse ambiente seco encontramos pouca coisa, talvez também porque era quente a tarde. No entanto destacaram-se diversos azulões cantando e, em especial, um gavião-miúdo adulto alimentando um jovem, numa cena inesquecível e eternizada pelas lentes de alguns integrantes de nosso grupo.

Gavião-miúdo (Accipiter striatus) jovem. Foto: DAM.

Gavião-miúdo (Accipiter striatus) adulto alimentando filhotão. Foto: Adaltro C. Zorzan. 

Grupo reunido no Campestre da Lagoa. Foto: Pedro Sessegolo.

Corujada em São Paulo das Missões

Alguns integrantes já haviam corujado na sexta à noite, mas sábado também saímos à procura de algumas aves noturnas, como o urutau e a coruja-de-igreja. Encontramos duas vezes o urutau, o que alegrou muito nosso grupo, já que era lifer para alguns integrantes. A coruja-de-igreja também foi encontrada. Aliás, essa pelo jeito não é muito difícil de encontrar por lá, já que está sempre vigiando a partir da torre da igreja católica da Vila Pinheiro Machado.

Urutau (Nyctibeus griseus). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Coruja-de-igreja (Tyto furcata). Foto: Cláudio Furini.

Corujada em São Paulo das Missões. Foto: Ingrid Sessegolo.

Reserva do Pau-ferro

Situada no município de Dezesseis de Novembro, à beira do lago da UHE Passo São João, a Reserva do Pau-ferro é um ambiente bem interessante para passarinhar. Nesse local já foram encontrados, em outras ocasiões, papa-moscas-canela, alegrinho-trinador e coleiro-do-brejo. Em grande parte é uma área de vegetação regenerativa, com capoeiras e capoeirões, embora tenha uma área com mata de pau-ferro entremeada por clareiras com campo ralo.

Vegetação em regeneração à beira do Lago da UHE Passo São João, na Reserva do Pau-ferro, em Dezesseis de Novembro. Foto: DAM.

Mata de pau-ferro entremeada por campos ralos na Reserva do Pau-ferro, em Dezesseis de Novembro. Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Em termos de aves destacaram-se os graveteiros, já bem conhecidos do local, e uma surpreendente pomba-galega, ambos registrados na parte da vegetação em regeneração; sobrevoando o lago um biguatinga foi avistado. Na área dos pau-ferros destacaram-se registros do bacurau-tesoura, que foi um divisor de águas na manhã, que até então estava rendendo relativamente pouco; depois registramos também tororó, barulhento e, por incrível que pareça, bagageiro (confirmado pelo canto), em um ambiente muito similar ao que havíamos o encontrado em Garruchos.

Graveteiro (Phacellodomus ruber). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Pomba-galega (Patagioenas cayannensis). Foto: DAM.

Bacurau-tesoura (Hydropsalis torquata) fêmea. Foto: Ingrid Sessegolo.

Tororó (Poecilotriccus plumbeiceps). Foto: Adaltro C. Zorzan.

Barulhento (Euscarthmus meloryphus). Foto: Pedro Sessegolo.

Bagageiro (Phaeomyias murina). Foto: DAM.

Grupo reunido na Reserva do Pau-ferro, após o encontro com o bagageiro. Foto: Márcia Koch.

Linha Lavina

Às margens do Rio Comandaí, essa localidade foi visitada a fim de explorar as matas de baixada que existem em São Paulo das Missões. No local já foi encontrado, em outra ocasião pelo Carlos, o anu-coroca, mas nesse dia pouca coisa interessante apareceu, sendo o registro mais significativo o de uma guaracava-de-crista-alaranjada. De qualquer forma, nas proximidades existem áreas de mata que podem ser melhor exploradas, valendo à pena estar atento às aves que podem ocorrer nessa localidade. No caminho também havíamos encontrado um joão-bobo.

Guaracava-de-crista-alaranjada (Myiopagis viridicata) Foto: Pedro Sessegolo.

João-bobo (Nystalus chacuru). Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Momentos de descontração

Passarinhar é algo muito intrigante mesmo. Ao tempo em que praticamos algo sério e relevante, também nos sentimos livres e descontraídos. É tanto um esvaziar-se como um encher-se. Vão-se as tensões, brotam os contentamentos; diminuem as preocupações, aumentam as reflexões. Passarinhar é sentir-se bem e grato pela vida!

Grupo descansando em momento descontraído na sanga da casa dos pais do Carlos. Foto: Ataiz C. de Siqueira.

Além do mais, passarinhar é diversão, biodiversão! Nessa saída foram tantos os momentos divertidos que não ouso descrevê-los, embora eu tenha o dever de mencioná-los (hehehe). Tivemos tombos memoráveis, playback passando-se por registro raro, muitas risadas e brincadeiras lights e, pra acabar, passarinheiro mordido por cachorro! (de leve ainda bem). Foi uma saída muito bacana mesmo, obrigado amigos avemissioneiros, até uma próxima, se Deus quiser!

Grupo Ave Missões com a família do Carlos na Vila Pinheiro Machado. Foto: Pedro Sessegolo.

Agradecemos também a hospitalidade do Carlos Neimar e sua família, e aproveitamos para divulgar aqui o livro publicado recentemente por esse amigo, Aves do Vale do Caí, sucesso!


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Observação de Aves no Cantão Suíço das Missões
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16 comentários:

  1. Especial relato sobre a nossa saída do fim de semana! Ótimo encontro com pessoas muito agradáveis e com aves encantadoras!
    Parabéns querido Dante!

    Adorei o final... tombos memoráveis... rsrsrsrsrs

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  2. Excelente relato Dante!! Parabéns!!! Foi muito bom estar e aprender com vcs!!

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  3. Tombo? Que tombo?!!! hahahaha.... Muito bom, Dante!

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  4. Lindo relato mesmo,queria estar com vocês ai !!!
    Abração para todos os amigos do Ave Missões !!!

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  5. Excelente saída. Muito proveitosa e divertida. Sejam todos sempre bem vindos a essa terra!

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  6. Excelente postagem, uma das melhores do blog! Ótimo relato e incríveis registros, parabéns ao grupo!!!

    Ass.:Lucas N de Porto Alegre - RS

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    1. Muito obrigado Lucas! Grande abraço meu amigo!

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    2. Foi um imenso prazer te conhecer no Turvo, Dante! Ah, e naquele dia eu vi um pavó, mas não consegui registrar... Só fotografei os mergulhões e os guaxes mesmo... E um bando de uns 20 quatis (hehehe)! Abraço!!!

      Ass.:Lucas N de Porto Alegre - RS

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    3. Que blz Lucas! Foi um prazer conhecê-lo tbm! Que bom que fizeste bons registros aqui no parque. Um grande abraço!

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