Saíra-de-chapéu-preto macho. Foto: DAM. |
* por Dante Andres Meller
Primeiro, a chuva forçou a antecipação da saída para sábado e não domingo, como estava previsto, impedindo a participação de alguns avemissioneiros...
Segundo, contratempos gerados pela dificuldade de contato com a comunidade local, como a falta do almoço tradicional e a trilha bastante fechada pela vegetação.
Terceiro, as intempéries do tempo, representadas pela densa serração na manhã e pelo forte vento à tarde.
Mesmo assim, os contratempos foram contornados e uma série de registros interessantes confirmou a Trilha das Três Bocas, em Porto Mauá, como um baita lugar para passarinhar.
Mesmo assim, os contratempos foram contornados e uma série de registros interessantes confirmou a Trilha das Três Bocas, em Porto Mauá, como um baita lugar para passarinhar.
Embora houvesse serração, o dia começara bem. Ainda antes do começo da Trilha das Três Bocas, uma iraúna-grande foi avistada. Acompanhada de um pica-pau-de-banda-branca, representavam os primeiros registros interessantes do dia. A seguir vimos também um beija-flor-de-papo-branco e um gaturamo-rei.
Iraúna-grande (Molothrus oryzivorus), provável fêmea jovem. Foto: DAM. |
Pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus). Foto: DAM. |
Já na trilha, os registros interessantes continuavam aparecendo. Primeiro foi um cuiú-cuiú que passou voando. Depois um miudinho apareceu. E a seguir um bando misto daqueles que nos deixou tontos de tanta ave para olhar, incluindo algumas das belas saíras que temos na região, como a saíra-viúva e a saíra-de-chapéu-preto.
Cuiú-cuiú (Pionopsitta pileata) macho. Foto: DAM. |
Miudinho (Myiornis auricularis). Foto: Ataiz C. de Siqueira. |
Saíra-de-chapéu-preto (Nemosia pileata) macho jovem. Foto: DAM. |
Saíra-viúva (Pipraidea melanonota) macho. Foto: DAM. |
O bando estava interessantíssimo, e acho que só conseguimos abandoná-lo porque uma borralhara cantou logo adiante na trilha, no mesmo lugar de outras vezes. Era um encontro bastante esperado e desejado, já que neste local ela costuma se mostrar, não tão bem é claro, mas o pouco que se mostra, no caso dessa espécie, já é muito.
Borralhara (Mackenziaena severa) macho. Foto: DAM. |
Borralhara (Mackenziaena severa) fêmea. Foto: DAM. |
Depois disso, os contratempos da trilha começaram. Muita taquara criciúma pela frente... houve momentos em que nos achamos perdidos na trilha. Mas, depois de algum esforço, conseguimos encontrar o caminho e chegar até a cascatinha no alto do morro. Hora de descansar um pouco e comer umas bergamotas pra repor o cansaço...
Integrantes do grupo Ave Missões na Trilha das Três Bocas, em Porto Mauá. Foto: Márcia Koch. |
Pouco à frente, estava o mirante. Mas chegar lá também foi um desafio. Quando achávamos que a trilha estaria quase ao fim, um denso taquaral no meio do caminho. Chegamos pensar em voltar, mas o mirante era um objetivo aspirado por nós, porque além da beleza, poderia render algum rapinante diferente ou sabe-se lá o que mais. E não é que rendeu. Depois de nos arrastarmos, passarmos por cima, arranharmos etc. pelas criciúmas, chegamos ao destino. E, além dos muitos urubus, um bando de periquitões passou voando pelo rio Uruguai. Valeu o esforço! Lembrando que em 2016 havíamos ouvido eles no local, mas faltava a confirmação.
Periquitão-maracanã (Psittacara leucophthalmus). Foto: Paulo B. Rodrigues. |
Integrantes do grupo Ave Missões no mirante da Trilha das Três Bocas, em Porto Mauá. Foto: Márcia Koch. |
Pausa para um piquenique de almoço, e logo mais íamos para a estrada da Volta Grande, onde novos registros legais nos aguardavam. Começou com a voz de um bico-virado-carijó. Depois foi a vez da guaracava-cinzenta cantar. E, a seguir, um piolhinho-verdoso completava o trio. Não sabíamos direito qual tentar fotografar, estavam quase que simultaneamente pelas mesmas árvores, no mesmo momento.
Bico-virado-carijó (Xenops rutilans). Foto: DAM. |
Guaracava-cinzenta (Myiopagis caniceps), provável macho. Foto: Ataiz C. de Siqueira. |
Piolhinho-verdoso (Phyllomyias virescens). Foto: Ataiz C. de Siqueira. |
Depois disso, paramos num local onde há diversas flores de malvavisco, e onde costumávamos ver alguns beija-flores. Dessa vez, nada apareceu nas flores, mas ao lado havia uma figueira em frutificação e não demorou muito pra nos darmos conta de que um banquete estava sendo servido ali. Além de vários sabiás, saíras-de-papo-preto e fim-fins, também registramos o gaturamo-bandeira e o tietinga, que certamente foi um dos pontos altos do dia.
Gaturamo-bandeira (Chlorophonia cyanea). Foto: Ataiz C. de Siqueira. |
Tietinga (Cissopis leveriana). Foto: DAM. |
O dia estava indo para o fim, mas desse momento em diante, também pegamos pela estrada que cruza a mata mais algumas aves interessantes. O flautim foi uma delas, e dado à insistência dos amigos Paulo e Márcia, que adentraram a mata para registrá-lo. Eu também tive meus méritos, quando subi um pequeno riacho para confirmar se o que ouvia era um vira-folha ou joão-porca... era este último. E, para finalizar o dia, mais um daqueles bandos mistos, onde diversas figuinhas se mostravam bem e até uma fêmea de surucuá-variado veio se exibir, nos deixando muito contentes, já que foi a primeira vez do dia em que víamos a espécie que é símbolo do nosso grupo.
Flautim (Schiffornis virescens). Foto: Paulo B. Rodrigues. |
João-porca (Lochmias nematura). Foto: DAM. |
Figuinha-de-rabo-castanho (Conirostrum speciosum) macho. Foto: DAM. |
Surucuá-variado (Trogon surrucura) fêmea. Foto: DAM. |
Mais uma saída do grupo Ave Missões chegava ao fim, com mais de 80 espécies observadas, dentre as quais, várias representando registros interessantes (veja lista). Agradecemos também ao apoio do divertido Gustavo, guri local que nos guiou durante parte do percurso. Deixamos nossa singela homenagem ao povo costeiro de Porto Mauá, nas palavras dos cantores missioneiros, Noel Guarany e Cenair Maicá, que muito se espelharam nas belezas do rio Uruguai.
"Se eu tenho um rio que murmura
e um rancho para viver
um caíque pescador
e um amor para querer
e o canto da passarada
pra alegrar o amanhecer..."
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Veja também
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Maravilha, Dante!! Muito registro interessante!!Pra mim seriam muitos lifers.. Méritos de quem decidiu enfrentar as dificuldades!! Parabéns a todos pelos registros e em especial a você pelo belo post.
ResponderExcluirObrigado Adaltro! Tava muito legal mesmo, vários bichos bacanas apareceram e aposto que vários ainda aparecerão nestas bandas. Um abraço!
ExcluirBelíssimo post, parabéns! Grandes registros e lindas paisagens!
ResponderExcluirObrigado Lucas!! Grande abraço
ExcluirMuito bacana Dante e coa aves Missões!!!sempre muito legal acompanhar suas postagens e relatos!!Grande abraço!!!
ResponderExcluirGrande Jonas! Obrigado pelo comentário! Sempre bom a presença dos amigos por aqui. Grande abraço
ExcluirValeu pelo comentário Caio!! Interessante que tenha tantas espécies assim pra você conhecer por aqui, algumas delas não tão difíceis de encontrar. Quem sabe uma hora você aparece por aqui e saímos em busca dessas pequenas belezas. Um grande abraço!
ResponderExcluirCuántos registros y especies interesantes! una buena cosecjha de avistajes a pesar de las condiciones no tan favorables
ResponderExcluirSaludos
Legal pessoal das missões. Eu bem perto de vocês, em SLG. Vamos falando.
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