Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Granja do Sossego: refúgio do veste-amarela

Granja do Sossego, Santo Ângelo.
          Na manhã de hoje (28/07), em uma saída para observação de aves, visualizamos algumas espécies interessantes. O local escolhido foi a Granja do Sossego, situada em área rural na região norte do município de Santo Ângelo (foto à direita). Na área passa o arroio Itaquarinchim, o qual ainda conserva uma boa parcela de matas ciliares, antes de chegar à cidade, é claro.

Gavião-do-banhado com plumagem em fase escura

          A vegetação inclui um mosaico de formações, tais como: matas, capoeiras, capoeirões, banhados e lavouras (atualmente trigo). Destacam-se aqui, as formações alagadiças, de onde sobressaem-se diversas espécies típicas como o chopim-do-brejo (Pseudoleistes guirahuro) e o gavião-do-banhado (Circus buffoni), por exemplo (foto à esquerda). Este último, observado diversas vezes e chamando a atenção pelo alto grito, lembrando o de uma caturrita (Myiopsitta monachus), enquanto planava em grandes alturas.

Alegrinho observado à beira de mata.
          Além desta bela rapinante, observamos, entre outras aves, a maria-faceira (Syrigma sibilatrix), o caminheiro-zumbidor (Anthus lutescens), o tico-tico-do-campo (Ammodramus humeralis), o tico-tico-rei (Coryphospingus cucullatus) e o alegrinho (Serpophaga subcristata; foto à direita).
          O registro mais interessante, no entanto, foi o do veste-amarela (Xanthopsar flavus). A ave já havia sido registrada no local durante o "Curso de Observação de Aves" com o instrutor Marc Egger, mas não de maneira tão expressiva e significativa.
 
Bando de veste-amarela em revoada.
         Num primeiro momento, visualizamos um grupo de sete indivíduos em associação com três tesouras-do-brejo (Gubernetes yetapa) e em seguida com alguns bem-te-vis (Pitangus sulphuratus). Nas duas ocasiões, os veste-amarelas estavam se alimentando no solo da lavoura, com trigo ainda pequeno. Após algumas revoadas curtas para outros lugares, os seguimos e nos deparamos com um bando de 67 aves (contados a partir de fotos; foto à esquerda).
          O veste-amarela é uma ave ameaçada de extinção, e sua conservação depende, especialmente, da preservação dos ecossistemas em suas áreas de ocorrência. Desta forma, drenagens e queimadas de banhados representam grandes ameaças à sobrevivência desta bela espécie, especialmente no Rio Grande do Sul.

Grupo de observadores de aves.
          Segundo informações de Paulo B. (proprietário da Granja do Sossego), queimadas já não ocorrem nas áreas próximas à granja como antigamente, o que nos traz a esperança de que a ave, com sua veste amarelo-ouro, continue a encantar os olhos de outros observadores atentos. Como alguns que praticaram a atividade, neste dia, pela primeira vez e, sem dúvida, foram bem-aventurados.


Fotos: Dante Meller

2 comentários:

  1. Dante, que boas notícias!!! Sem contar a alegria de ver os novos observadores que estão chegando. Parabéns!
    Abração

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  2. Valeu, Patrícia! Quando visitar à terrinha já temos programada esta visita, hein! É uma ave linda, o veste-amarela...

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