Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A volta do peregrino e as aves do sítio Almeida

Falcão-peregrino.
     No último dia de outubro, enquanto nos preparávamos para uma saída a fim de observar aves, nos deparamos com a grata surpresa de ver o falcão-peregrino. De propósito, nos encontramos bem cedo sob a torre que a ave costuma pousar, e tão logo (para minha surpresa!) se mostrar. Aparentemente um macho, pelo tamanho não muito grande. Em vôo, porém, a ave mostrava suas habilidades que tanta fama carregam. E o curioso é que alguns bem-te-vis o importunavam em seus poleiros, fazendo com que logo tivesse que alçar vôo para em seguida um novo poleiro escolher.
     Após, mais ou menos uma hora de observação, saímos rumo ao local escolhido: o sítio da família Almeida. A área, com pomares, campos e matas, fica junto ao Rio Ijuí, onde ainda existe uma porção de matas ciliares preservadas. Ali já observamos espécies interessantes, as quais novamente foram vistas neste dia, como o arredio-oliváceo Cranioleuca obsoleta e um exemplar melânico (com plumagem negra) do gavião-de-rabo-curto Buteo brachyurus.
Gavião-de-rabo-curto melânico.
     Além do mais, a primavera traz sempre boas novidades para os observadores de aves. Assim, uma porção de espécies migratórias foram vistas, especialmente da família dos papa-moscas (Tyrannidae: família do bem-te-vi) que descem ao sul nesta estação em busca de alimento e local para nidificar. 
     Destes últimos destacou-se a presença do bem-te-vi-rajado Myiodynastes maculatus, do peitica Empidonomus varius e da guaracava-de-bico-curto Elaenia parvirostris, a qual foi vista também com um ninho. Outros pássaros migratórios ouvidos na área foram o enferrujado Lathrotriccus euleri e a juruviara Vireo olivaceus, esta pertencente à família Vireonidae.

Juruviara.
     Quando o sol começou a esquentar aproveitamos para observar as rapineiras, que beneficiam-se das termas ascendentes para planar sem muito esforço. Nesta hora, além dos tradicionais urubu-de-cabeça-preta Coragys atratus e urubu-de-cabeça-vermelha Cathartes aura e do já figurado gavião-de-rabo-curto melânico, vimos uma ave diferente. Não uma ave de rapina, mas da mesma forma planava em círculos junto a estes citados. Se tratava de um biguatinga Anhinga anhinga, ave pouco comum na região. A silhueta em forma de cruz logo define a espécie que, possivelmente, habita a beira do Rio Ijuí, ou de lagos próximos, já que alimenta-se de peixes capturados em mergulho.
     De tudo o que vimos guardei três gratos encontros: Este último, o do arredio-oliváceo e, por fim, o do peregrino. Mas definir a importância de encontros pela raridade em que acontecem é algo que a mim pelo menos tem significado, sendo que, provavelmente, outros devam ter tido suas próprias preferências, diferentes das minhas, é claro. Isto acho que é o que torna a observação de aves e a vida tão especial: a (bio)diversidade!

Fotos: Dante Meller

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