Normalmente, pessoas vão ao Paraguai para comprar alguma coisa. Entende-se... é bem típico nosso querer algo que não se tem, e ainda mais quando se paga menos. Mas o que me levou ao país não foi bem isso, sua natureza é muito rica, incluindo suas aves. Se buscava algo que não tinha eram registros e vivências novas, e foi exatamente o que trouxe de lá. Estive na Estância Urundey em Pedro Juan Caballero, Paraguai.
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Acauã (Herpetotheres cachinans) na Estância Urundey, Paraguai. |
Paraguai, Argentina e Brasil compartilham da Floresta Atlântica Interior, a mesma que cobre o Parque Estadual do Turvo, no RS, e sofreu um intenso desmatamento ao longo da ocupação de seu território.
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Macuru-de-barriga-castanha (Notharchus swainsoni), umas das espécies afetadas pelo desmatamento. |
A província Argentina de Misiones é o trecho mais bem preservado desse ecossistema, que segue desde o noroeste gaúcho até o sudeste do Paraguai, onde ainda existem remanescentes consideráveis de mata que abrigam uma avifauna típica. É o caso da araponga (Procnias nudicollis), ameaçada de extinção e símbolo da fauna paraguaia. A espécie até foi ouvida nos matos da Estância Urundey, mas fotos só de outra ave florestal algo parecida, a araponga-do-horto (Oxyruncus cristatus).
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Araponga-do-horto (Oxyruncus cristatus). |
Nas matas ainda vimos o caneleiro (Casiornis rufus, à esq.) e a viuvinha (Colonia colonus).
A Estância Urundey situa-se no limite norte da Floresta Atlântica Interior, e, como a mata é fragmentada, suas áreas abertas possuem uma composição bastante associada àquela dos seus biomas vizinhos, principalmente do Chaco e do Cerrado. O Pantanal, por estar próximo, também chega exercer influência na composição, e mesmo araras-azuis ocorrem na área, mas fotos ainda ficarão pra próxima.
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Picapauzinho-anão (Veniliornis passerinus). |
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Papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). |
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Fogo-apagou (Columbina squammata). |
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Rapazinho-do-chaco (Nystalus striatipectus). |
As atividades da fazenda são representadas pela agricultura e pela pecuária, esta com pastos altos e árvores esparsas, formando um ecossistema interessante. Existem ainda vários fragmentos florestais significativos em um mosaico que parece bastante favorável à fauna. O gavião-pato (Spizaetus melanoleucus), por exemplo, foi avistado sobrevoando esse tipo de paisagem.
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Gavião-pato em voo na Estância Urundey. |
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Mata do Taguató, com cerca de 500 ha. |
Lifers
Conhecer novas espécies é sempre motivador, ainda mais quando se tem a oportunidade de registrar algumas em fotografias. Além do macuru-de-barriga-castanha, araponga-do-horto, caneleiro, picapauzinho-anão, rapazinho-do-chaco e arara-azul, também registrei pela primeira vez o japacanim, o ferreirinho-relógio, o caneleiro-de-chapéu-preto, o papa-formiga-vermelho e o murucututu, alguns com fotos, outros não.
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Japacanim (Donacobius atricapilla). |
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Papa-formiga-vermelho (Formicivora rufa). |
Por fim agradeço à família Moura, pela oportunidade de trabalhar na estância; a todos os seus funcionários, por me acolherem tão bem e ajudarem no trabalho de campo; e ao meu filho Francesco, que foi companheiro em diversas aventuras, trazendo enorme alegria ao meu coração.
* Todas as fotos foram feitas por D. Meller na Estância Urundey, Pero Juan Caballero, Paraguay, em julho de 2012.
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