Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Um pouco de Falcoaria...

Recentemente tive a oportunidade de participar em Passo Fundo de um curso de Falcoaria promovido pela Hayabusa Falcoaria e Consultoria Ambiental. Achei interessante compartilhar um pouco do que aprendi no curso sobre esta arte, suas aplicações em nossa realidade e o maior conhecimento que ela traz sobre rapinantes.


Falcão-de-coleira (Falco femoralis) se preparando para a técnica de voo ao Lure. Foto: D. Meller.

          A Falcoaria é uma arte praticada há muito tempo, especialmente por motivos de caça, mas atualmente ela é também utilizada na área da conservação (lembrando que mesmo esse tipo de caça é proibida no Brasil). A técnica é especialmente útil na captura de aves em aeroportos, prevenindo acidentes com aviões, mas também é utilizada em outras situações, como controle de pombos, por exemplo. Na área da educação ambiental é muito importante, à medida que o conhecimento sobre estas aves conscientiza as pessoas a não as maltratarem.

Coruja-de-igreja (Tyto alba), umas das espécies que sofrem abates por causa de superstições infundadas. Foto: D. Meller.

          Uma das possibilidades mais interessantes é utilizar o treinamento da falcoaria para reabilitação de indivíduos machucados ou jovens que caem do ninho. Eu mesmo já tive contato com aves de rapina debilitadas e nunca soube exatamente o que fazer. Na verdade, é importante o acompanhamento de um veterinário que, aliado ao trabalho do biólogo, pode ajudar a salvar uma destas aves. Existem alguns centros que fazem este tipo de trabalho, um deles é o Güira Oga, na Argentina.

Carcará (Caracara plancus) no poleiro em arco, com capuz para tapar a visão, a fim de manter a ave tranquila. Foto: D. Meller.
                    
          Manejar uma ave de rapina é impressionante, o senso de direção perfeito da ave, sua leveza e habilidade de voo fascinam qualquer um. Esse é um dos motivos pelos quais algumas pessoas gostariam de tê-las como animais de estimação. Particularmente, não é o meu caso. Essas aves exigem bastante cuidado e teria um pouco de remorso em ter uma destas simplesmente por prazer. Por isso ainda prefiro vê-las em liberdade, mas entendo a importância do trabalho de alguns falcoeiros, os quais conseguem reproduzir com sucesso várias espécies, tendo a possibilidade de reintroduzir na natureza aquelas ameaçadas de extinção.

Gavião-asa-de-telha (Parabuteo unincictus) realizando voo ao punho. Foto: D. Meller.

Gavião-asa-de-telha (Parabuteo unincictus) realizando voo ao punho. Foto: D. Meller.

          Obviamente, não só rapinantes são encontrados com necessidade de ajuda para reabilitação, mas salvar uma destas aves é especialmente importante, já que são naturalmente escassas, e mais ainda aquelas ameaçadas de extinção. Além de tudo, a reabilitação de rapinantes parece ser algo muito gratificante, e as oportunidades sempre aparecem, claro que exigem cuidados, dedicação, mas reabilitar a liberdade de um gavião ou coruja deve ter um sabor muito especial.
          Curiosamente, durante o curso, chegou até mim, através de minha namorada, a informação de uma coruja-de-igreja (T. alba) debilitada em Santo Ângelo, por enquanto aos cuidados de uma veterinária. Tomara ela tenha condições de voltar à natureza e quem sabe possa ajudar pondo em prática um pouco do que aprendi no curso.

Eu com um gavião-asa-de-telha (P. unincictus) ao punho durante curso de Falcoaria em Passo Fundo. Foto: Gustavo Trainini.

          Agradecimentos ao pessoal que ministrou o curso, especialmente ao Gustavo Trainini, e aos organizadores do Curso de Medicina Veterinária da UPF.

Grupo que participou do Curso de Falcoaria em Passo Fundo com Gustavo Trainini.

9 comentários:

  1. Que beleza , Dante ... apesar de também preferir ver as aves livres, ter uma destas na mão deve ser um espetáculo, hein ?!!

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  2. Muito interessante a postagem! Sempre temos algo a aprender nos mais diversos segmentos! Que bom que conseguistes aliar esta especialidade com teus valores conservacionistas! Lindas as fotos! Deve mesmo ser ALGO ter uma destas na mão... Show!

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    1. Brigado, Lu! É sempre uma alegria ler seus comentários... e que bom mesmo a possibilidade de utilizar a falcoaria em fins conservacionistas. =)

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  3. Que legal Dante!! Impressionante as fotos.

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    1. Valeu, Marco! Mas assim fica fácil fotografar tbm, hehehe. Na natureza é que o bicho pega mesmo. Abraço!

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  4. Que interessante!Deu para aprender um pouco mais com este post!Valeu!

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  5. muito legal msm to doido pra fazer o curso i ter uma coruja

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