* Por Dante Andres Meller
Macaco-prego em Iguaçu. Foto: D. Meller |
O trecho mais preservado dessa floresta encontra-se na Argentina, na província de Misiones, onde ainda podem ser encontradas espécies fantásticas, como a onça-pintada e a harpia.
Em Misiones existe uma estrada que se chama Ruta de la Selva. Apesar de não ser a única alternativa, nem a mais curta, essa rota é encantadora, pois passa por extensos trechos de floresta nativa, ao lado de diversas áreas protegidas. O limite de velocidade é reduzido em trechos que cruzam parques, para evitar atropelamentos, como o trágico acidente com uma onça-pintada atropelada a pouco tempo!
Tivemos a oportunidade de atravessar o maciço de Misiones pelas estradas que o cortam, indo desde o noroeste do Rio Grande do Sul até o Parque Nacional do Iguaçu. Neste último local haveria uma reunião com a Rede Gestora do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná na qual o Parque Estadual do Turvo estava na pauta de assuntos.
Essa é a segunda vez que vou representar o Parque Estadual do Turvo em Foz do Iguaçu; na primeira vez fui pelo lado brasileiro, agora pelo argentino. Não é novidade a diferença de cobertura florestal existente entre o oeste catarinense e a província de Misiones. Ver isso com os próprios olhos, no entanto, nos faz entender melhor o contraste. Nesse contexto, o Parque Estadual do Turvo assume especial relevância, em virtude da conexão com as florestas de Missiones que, por sua vez, estão conectadas ao Parque Nacional do Iguaçu.
A impressão que se tem é que não se trata apenas da ausência de matas. Como consequência do desmatamento, parece haver uma perda de qualidade e identidade na paisagem. Notavelmente há um empobrecimento de fauna, sendo que diversas espécies desaparecem com a remoção das florestas. A água dos rios parece ter sua coloração alterada, esverdeada em rios com matas preservadas e avermelhada onde há solo exposto de lavouras. Até o ar parece diferente, e muitos já não sabem mais o que é respirar o ar puro de uma floresta. As sensações, por fim, são também diferentes. Na floresta tudo é mais tranquilo, mais bonito, há pouco tédio e não existe stress. Algumas poucas imagens da fauna demonstram isso...
Beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania glaucopis) em liberdade no parque das aves. Foto: D. Meller. |
Araçari-castanho (Pteroglossus castaneus) em liberdade no parque das aves. Foto: D. Meller. |
Desde o Salto do Yucumã, no Parque Estadual do Turvo, até as Cataratas do Iguaçu, a região oferece diversos atrativos turísticos ligados à natureza. Na Argentina são diversos parques e reservas os quais ainda não tivemos a oportunidade de conhecer. A única parada foi na volta, onde visitamos o Guira Oga, que é um centro de reabilitação da fauna silvestre. As espécies debilitadas são acolhidas e tratadas nesse local, sendo soltas novamente na natureza quando possível. Lá podem ser vistas espécies fascinantes, como a jaguatirica, o gavião-pega-macaco e o gavião-pato.
Jaguatirica no Guira Oga, Argentina. Foto: D. Meller. |
| ||
Gavião-pato (Spizaetus melanoleucus) no Guira Oga, Argentina. Foto: D. Meller. |
No Brasil restou muito pouco da Selva Missioneira. No Rio Grande do Sul a área mais representativa é o Parque Estadual do Turvo, enquanto no oeste catarinense, lamentavelmente, não existe nenhuma Unidade de Conservação contígua ao território de Misiones. Já no Paraná está o trecho mais preservado do Brasil, o Parque Nacional do Iguaçu, que dispensa apresentação.
Um local que chama atenção de todos que vão visitar as Cataratas do Iguaçu é o Parque das Aves. Lá espécies belíssimas podem ser vistas em cativeiro, como a harpia. Aos que preferem aves em liberdade, por ser bem arborizado o local abriga várias espécies que podem ser observadas também.
Pica-pau-de-cabeça-amarela (Celeus flavescens) em liberdade no parque das aves. Foto: D. Meller.
|
Gralha-do-pantanal (Cyanocorax cyanomelas) em liberdade no parque das aves. Foto: D. Meller. |
Gaturamo-verdadeiro (Euphonia violacea) em liberdade no parque das aves. Foto: D. Meller. |
Livres, as aves voam. Limpos, os rios correm.
Seguras, as onças andam. Grandiosas, as nuvens passam.
Tranquilas, as árvores florescem. Abençoados, os amores prosperam.
Meu Deus, obrigado, Misiones permanece!
-------------------------------------------------------------------------------
Veja também:
-------------------------------------------------------------------------------
Linda reportagem, Parabéns !
ResponderExcluirObrigado Clarice!!!
ExcluirParabéns !!!Bela postagem,mostra bem a realidade das matas no Brasil .Lindas fotos dessas belíssimas aves do nosso país ! ASS:Lucas N
ResponderExcluirValeu Lucas!
ExcluirMuy interesante reportaje. Es muy cierto la devastación de la Mata atlántica, las imágenes satelitales lo dejan bien en claro, Misiones es la más conservada aunque se estima que queda más o menos el 40% de la cobertura original.
ResponderExcluirEl año pasado estuve en la zona d ela cataratas y visité varios de esos lugares; la próxima vez te recomiendo visitar el jardín de los picaflores en Puerto Iguazú, muchas especies vistan el jardín de la familia Castillo, es una excelente oportunidad de ver coloridas aves en libertad pero a su vez habituadas a la gente y tomar hermosas fotos
Gracias pela dica Hernán!!! Se tiver uma nova oportunidade certamente irei visitar o jardim dos beija-flores... Saludos!
Excluir