Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

sábado, 18 de julho de 2015

Em busca dos espinilhos das Missões...

* por Dante Andres Meller
Espinilho florido nas Missões. Foto: D. Meller.
O dia de ontem foi reservado para explorar alguns locais diferentes nas Missões.

O objetivo era percorrer a região até chegar em alguns campos nativos com espinilhos.

Mas antes de acharmos os tais espinilhos, acabamos achando várias outras coisas pelo caminho... sem dúvida valeu a pena!

A primeira parada que eu e o amigo Charles Boufleur fizemos foi em uma área já conhecida, situada à beira do lago da UHE Passo do São João, no Rio Ijuí, em Dezesseis de Novembro. Basicamente é uma área de APP em regeneração, com muitos ambientes de capoeiras, onde algumas espécies bem legais são encontradas facilmente.

Canário-do-campo (Emberizoides herbicola) na APP da UHE São João. Foto: D. Meller.

Suiriri-pequeno (Satrapa icterophrys) na APP da UHE Passo do São João. Foto: Charles Boufleur.

Casal de graveteiros (Phacellodomus ruber) na APP da UHE Passo do São João. Foto: D. Meller.

Bom... o local era promissor, mas tínhamos que seguir a diante... Enfim, o objetivo era chegar até os tais campos de espinilhos.

Essa área dos campos de espinilhos na região de São Nicolau, Pirapó e Dezesseis de Novembro é considerada uma das áreas de possível ocorrência do cardeal-amarelo. Isso porque um casal foi avistado no local há alguns anos atrás, segundo consta no Livro Vermelho do RS (Bencke et al. 2003).

Porém, antes de acharmos um espinilho sequer, passamos por uma região de relevo relativamente acidentado, interessante por haver bastante vegetação. Ironicamente, por um bom tempo não achamos quase nada, exceto alguma espécie mais comum em uma ou outra situação inusitada.

Anus-branco (Guira guira). Foto: D. Meller.

Em um dado momento a coisa começou a mudar. De repente, um banhado interessante para procurar espécies aquáticas surgiu, e achamos uma pouco comum na região...

Frango-d'água-carijó (Gallinula melanops). Foto: D. Meller.

Em determinados locais de Dezesseis de Novembro existem capões de matos relativamente grandes, porém com características de transição das matas para campos, onde se destaca a presença da árvore pau-ferro.

Mata de pau-ferro (Astronium balansae), com ipê-roxo florido ao fundo. Foto: D. Meller.

Nesse ambiente não encontramos muitas espécies, a não ser um suiriri-cinzento, que depois disso, foi avistado também em outro momento do passeio.

Suiriri-cinzento (Suiriri suiriri). Foto: Charles Boufleur.

Saindo do mato encontramos uma noivinha, e a certeza de que havíamos chegado aos campos das missões. Nossos olhos agora puderam admirar a paisagem mais vasta... haviam espinilhos, mas bem espaçados.

Noivinha (Xolmis irupero) em campos em Dezesseis de Novembro. Foto: D. Meller.

Campos nativos com matas de pau-ferro ao fundo, em Dezesseis de Novembro. Foto: D. Meller.

Nesse momento a estrada começou a render várias espécies... umas mais comuns, outras nem tanto...

Cardeal (Paroaria coronata). Foto: D. Meller.

Calhandra-de-três-rabos (Mimus triurus). Foto: D. Meller.

João-bobo (Nystalus chacuru). Foto: Charles Boufleur.

Sabiá-gongá (Saltator caerulescens). Repare a típica sobrancelha curta da espécie, e os tons esverdeados, indicando ser um jovem ainda. Foto: D. Meller.

Tudo estava indo bem, e fomos dar mais uma explorada por essa estrada dos campos... Chegamos até um banhado, e resolvemos dar uma espiada na área... Logo dois saracuruçus deram um show bem na nossa frente, e depois duas narcejas voando feito caças sobre nossas cabeças!

Casal de saracuruçus (Aramides ypecaha) vocalizando em dueto. Foto: D. Meller.

Narceja (Gallinago paraguaie) realizando seu voo com sons zunidos inconfundíveis. Foto: Charles Boufleur.

A tarde ia indo... e nós precisávamos voltar. Não havíamos de fato encontrado os campos de espinilho que estávamos imaginando, talvez ficassem mais adiante, entre São Nicolau e Pirapó. Mas na volta encontramos uma área não muito grande, em meio a lavouras, que ainda preserva alguns espinilhos. E foi justamente nesse local que fizemos o primeiro registro de tachã para a região. Além disso, pudemos perceber uma boa diversidade de espécies nessa área... certamente iremos voltar!

Tachã (Chauna torquata) em Dezesseis de Novembro. Foto: D. Meller.

Com cerca de 90 espécies observadas, a passarinhada, além de render lifers para nós, rendeu também novidades para a região. Enfim, apesar do mal tempo, foi um bom dia para sair a campo...

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