Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

terça-feira, 23 de março de 2010

Dois encontros, duas histórias...

Urutau. Foto: D. Meller.
Recentemente, no Parque Estadual do Turvo, tivemos dois encontros que chamaram atenção. Um pela inusitada e engraçada situação, outro pelo infeliz desfecho sucedido.

O primeiro aconteceu após observarmos um grupo de micos-prego. O mais interessante, porém, é que eles nos colocaram a par de outro animal presente, uma ave: O lendário urutau! (Nyctibius griseusfoto ao lado). 

Que ave interessante!... Seu comportamento discretíssimo e camuflagem perfeita o tornam assim, meio... surreal! Mas, de fato, ele é uma ave bastante atrativa e até simpática.

O registro, por si só, já era algo fantástico para nós, já que é meio raro ver um destes. Mas, após um mico resolver que queria pular no galho onde a ave estava, se tornou ainda mais interessante!

Em um dado momento chegou a rolar uma tensão entre o mico, o urutau e os espectadores: nós! Enfim, para a sorte de todos, o mico desistiu daquele galho (ou seria urutau-galho?). A situação foi hilária, e as consequências que poderiam ter ocorrido ficam para a imaginação dos criativos...

O segundo encontro foi algo diferente: Um falcão-de-coleira (Falco femoralis) à noite repousava no chão, à beira de um riacho em campo aberto (foto abaixo). Algo não poderia estar certo. Estas aves gostam de alturas! Ainda mais quando nos aproximamos e a ave de rapina não voou. Pegamos o imponente falcão (com um certo receio!) e o levamos ao alojamento.

No outro dia esperávamos levá-lo, ou a um local adequado para tratamento de aves silvestres ou a seu vôo de volta à natureza (e de preferência seria este!). Suspeitamos que ele estava envenenado com agrotóxicos, pois haviam lavouras de soja nas proximidades.

Lamentavelmente acordamos e nos deparamos com a ave que já havia perdido o brilho dos olhos. Restou-nos compreender que até uma das aves mais imponentes e admiradas também encontra, por fim, a morte. 

Esta, sim, permanece como mistério incompreensível, que permite que a vida renasça e o ciclo continue, dando a oportunidade, quem sabe, de que outros tenham a chance de voar como um dia aquele falcão deve ter voado: alto!

Observações de Dante Meller e Marcelo Rocha.



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Veja também:

Gavião-do-banhado - Circus buffoni
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