Projeto Ave Missões: Pesquisa, Educação Ambiental e Conservação com Aves da Região Noroeste do Rio Grande do Sul

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Desvendando horizontes, conhecendo aves

     Poucos sentimentos se comparam ao de conhecer algo novo, que nos traga fascínio e alegria. Eis uma das principais características da observação de aves: descobrir novas espécies. Existe até um termo estrangeiro adequado para quando se observa uma espécie pela primeira vez: Lifer! De fato é uma sensação sutil, porém motivadora.

     Mas o que eu quero dizer, na verdade, é que há poucos dias visitei uma área até então desconhecida por mim e que apresentou novos resultados para o município de Santo Ângelo, RS. O local fica na região do Riacho St. Teresa, próximo ao município de Catuípe. De cara pude perceber alguns remanescentes de vegetação interessantes, num mosaico de campos, banhados e matas ciliares. Mas, não nos enganemos, rodeado por áreas agropecuárias. Na ida a este local passei por uma floresta exótica de eucaliptos e, pra minha surpresa, encontrei um belíssimo pica-pau (figura 1).

Benedito-de-testa-amarela Melanerpes flavifrons na Floresta Melnek. Foto: Dante Meller.
     O interessante é que Belton (1994) incluiu a área do município na distribuição desta ave, mas nunca tínhamos visto ela por aqui. O segundo registro interessante ocorreu num local conhecido como "Águas Minerais do St. Teresa", onde vi pela primeira vez aqui uma espécie relativamente comum em outros locais: a curicaca Theristicus caudatus (figura 2).
Curicacas em voo. Foto: Dante Meller.
     Já desconfiávamos que ela ocorresse por aqui, baseados em descrições do morador da Cascata do Comandaí (Batu), mas esse foi o primeiro registro confirmado, já que Belton (1994) não havia citado a curicaca para Santo Ângelo. É uma ave grande e barulhenta, facilmente percebível. Em voo, à distância, pode lembrar um pouco o quero-quero, especialmente quando reflete a região dorsal.
    O interessante é que, se queremos registrar diferentes espécies de aves, precisamos, além de estar atentos, visitar diferentes ecossistemas, uma vez que as aves se adaptaram e especializaram frente à variedade de ambientes do Planeta. Assim, uma floresta nativa vai ter uma composição bem diferente de um campo alagável, ainda que ambos estejam em uma mesma localidade.
     Explorar novos locais é um ótimo passo para encontrar novas espécies de aves e, também, uma ótima maneira de reencontrar o sentido da liberdade!

Um comentário:

  1. Acho que o Grupo de Observadores de Aves de Santo Ângelo já está ansioso para conhecer esta área! Eu, pelo menos, já estou querendo conhecer! Belas novidades!

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